As crianças estavam paradas agora no lado externo do segundo portão. Este era muito diferente do primeiro; parecia feito de nuvens de movimento rápido e acima delas podia-se ver um grande globo verde tendo uma estrela no meio.
Rex encontrou uma vara que parecia ter vida, caída perto do portão. As instruções do rolo diziam que ele devia usá-la para conseguir entrada.
_”Não vejo onde bater”, disse ele para Zendah, mas no momento em que levantou a mão com a vara, uma faísca, como um relâmpago, saiu do extremo desta em direção ao globo verde em cima do portão. Subitamente as nuvens desapareceram e os meninos viram que o globo descansava sobre uma grossa coluna verde. Atravessadas no meio do portão estavam duas serpentes; uma de prata, por cima, e outra de bronze, por baixo.
Gravado por cimas das
serpentes aparecia o símbolo de duas mãos dadas:
_”Quem veio chamar o Guardião das Grandes Distâncias? ” gritou uma voz.
_”Rex e Zendah da Terra, responderam eles.
_”Dê o passe”.
_”Fraternidade, respondeu Rex.
_”Entrem, Rex e Zendah, pelo espírito da Fraternidade, na terra do Aquário.”
Os portões rangeram. Os dois encontraram-se no começo de uma larga estrada que se estreitava quando se olhava para longe, em frente. De cada lado dessa estrada saiam outras cinco, ficando assim o terreno dividido em onze partes, tendo cada uma delas lindas casas.
Logo, viram vindo ao
longe, um homem envolto em uma túnica feita de um material que eles nunca viram
antes.
Parecia uma malha de proteção, embora não fosse de metal, brilham qual escamas de uma cobra em furta-cor, ora verde, ora laranja, ora púrpura. Sobre esta malha havia uma vestimenta feita de vários quadrados coloridos. E, torno dos tornozelos tinha aros com joias que brilhavam como a vara do portão. Ele deu as boas vindas `s crianças e convidou-as a verem o Rei.
O homem bateu as mãos por cima da cabeça e imediatamente uma máquina voadora prateada desceu, e eles entraram nela. Voaram alto, PR cima da grande escada central e chegaram logo ao castelo, com a velocidade do pensamento. Homens altos, vestidos como seu guia, estavam parados de cada lado ao lado da escada de entrada, e todos eles faziam gestos de saudação quando eles passavam, juntando a mão direita com a esquerda.
O Castelo estava cheio de belas estátuas e ornamentos de toda espécie e eram tantos que não possível verificar a sua variedade.
_”Rex” murmurou Zendah,”parece o Museu Britânica, só que muito mais bonito”.
Passaram pelo grande hall e por fim chegaram diante do trono, feitos de muitos metais diferentes. O tapete do chão e as cortinas que ficavam por detrás do trono eram feitos de quadrados verde e laranja alternados.
Um homem idoso, de semblante sério e longa barba branca estava sentado no trono. Vestia túnica verde escuro, em cuja bainha havia muitas crisólitas e ramos de morangos cheio de frutos e por baixo tinha uma vestimenta de fino linho branco. Segurava uma ampulheta e a seu lado permanecia um homem escuro com os olhos penetrantes e uma coroa que parecia luzir com brilhantes de fogo. Sua roupa também muda de cor cada vez que se olhava para ela.
_”Sejam bem vindos meus filhos”, disse o Rei. “Vocês conhecem o meu nome; sou o Pai Tempo, por vezes chamado Saturno. Aqui, na terra do Homem com o Jarro (Aquário), muito do meu trabalho é feito pelo Rei Urano, que é mais velho do que eu, embora pareça mais jovem. Ele mostrará a vocês as maravilhas desta terra”.
_”Vamos primeiro às minas” disse Urano, descendo do trono. Deixando o palácio entraram novamente na máquina voadora, e partiram para as montanhas onde chegaram logo.
Urano levou-os ao interior de uma montanha em que havia cavernas profundas nas quais homens trabalhavam com máquinas conhecidas.
_”Estas são minas de rádium” disse Urano. “Vejam”, e ele apertou um botão de uma máquina que estava próxima das paredes da caverna. Imediatamente uma espécie de espada desceu e praticou uma abertura na rocha. Do corte saiu uma torrente de metal cintilante que brilhava como o Sol. Parecia ter vida e os meninos não puderam olhar para ele além de um instante.
_”Temos desse metal na Terra? ” perguntou Rex.
_”Sim, mas pouca quantidade. Quando a Terra era muito jovem pusemos boa quantidade nela mas com o tempo, quase toda a irradiação voltou para cá, restando somente um metal pesado que você chamam chumbo; mas esse metal pertence na realidade a outra Terra.”
_”Que pena! Gosto mais deste!” Disse Zendah.
_”Algum dia os homens
aprenderão novamente a transformar o chumbo novamente em rádium; mas isso não é
para já”. Disse Urano sorrindo.
Deixando as cavernas eles subiram ao topo da montanha onde havia uma construção com telhado de vidro, cuja porta de entrada era alcançada por meio de centenas de degraus. Aí eles viram todas as variedades de máquinas voadoras sendo construídas.
Em um canto perceberam certo número de pessoas em pé em altos pilares, abrindo os braços, pulando de lá de cima e planando até chegar ao chão como se tivessem asas.
_”Que fazem eles? ” peguntou Zendah.
_”Praticam o voo sem máquinas; todos podem fazer isso se aprenderem a usar seu corpo astral apropriadamente; mas sem ele não é fácil não”.
Novamente fora, em um
lindo vale viram um bloco de mármore nos quais homens e mulheres esculpiam
estátuas, algumas apenas começadas, outras terminadas.
Zendah desejava muito poder fazer o mesmo, e Urano deu-lhe uma pequena ferramenta e disse-lhe que quando chegasse em casa experimentasse, mas praticasse primeiro com massa.
_”Eu preferia poder enviara mensagens pelo ar”, disse Rex.
Urano levou as crianças para outro prédio onde havia inúmeros fios passados de uma parede a outra. Rex viu uma grande placa de ebonite com botões de prata e Urano disse-lhe para apertar um dos botões e desejar intensamente. _”Pense na mensagem que você quer mandar e ela chegará ao seu destino”, disse Urano.
_”Só pensar? ” Perguntou Rex. “Basta isso? ”.
_”Sim, isso chega, mas você deve pensar firme e ao mesmo tempo olhar nesse espelho ao lado”.
Rex pensou em sua mãe e desejou que ela soubesse as maravilhas que eles estavam vendo.
Ele viu sua mãe em casa, sentada perto da lareira, e uma pequena bola luminosa, cheia de quadros de suas aventuras, partiu como um relâmpago até chegar perto dela e então desapareceu.
Ela sorriu e disse para si mesma: ”Que lindo sonho estão tendo as crianças”.
_”Algum dia, disse Urano, “ as pessoas não precisarão mais de fios para mandarem suas mensagens; apenas ficarão sentadas e pensarão firmemente, e as mensagens chegarão ao seu destino. As crianças poderão fazê-lo mais facilmente do que os adultos”.
_”O poço desta terra faz outras coisas interessantes? ” perguntou Zendah.
_”Sim; aqueles lá estão desenhando lindas catedrais e outros edifícios e aqueles” apontando para outra parede, “estão apreendendo a armazenar o relâmpago e a utiliza-lo para movimentar máquinas que em substituição ao carvão e à gasolina”.
Enormes chamas passavam de um lugar para o outro, estremecendo por vezes o edifício – era como se fosse um grande incêndio! Eles viram centelhas saírem aos milhares de bolas brilhantes colocadas em lugares afastados. Essas bolas apresentavam diversas colorações variando de conformidade com a altura de que eram vistas. As mais baixas eram vermelhas e amarelas, mudando para o verde, ao passo que as mais altas eram azuis e púrpuras. Um homem estava parado em um dos lados da sala e apontava para uma máquina no lado oposto. Quando fazia isso, parecia que jorrava do seu dedo uma torrente de fogo colorido e a máquina punha-se em movimento sem qualquer outro auxílio.
Era maravilhoso, mas quando Rex perguntou como se fazia aquilo, Urano apenas balançou a cabeça e disse:
_”Algum dia você saberá minha criança, se pensar intensamente.
Então, levando-os ao portão de entrada Urano deu a Rex uma pequena ponte mágica que poderia torná-lo capaz de enviar seus pensamentos como relâmpagos para o ligar que desejasse desde que ele usasse a senha.
Para Zendah, Urano deu um pingente feito de duas cobras, como aquelas que estavam no portão de entrada, cada qual com uma safira na boca.
Rex e Zendah não descobriram como saíram daquela Terra. Repentinamente eles viram um flash de luz, a chão estremeceu e nisso eles já estavam em frente ao portão seguinte, ou o da Terra do Capricórnio.