19/09/2023

O Eco que Felipe Ouviu


Felipe ficou alegre quando seus pais se mudaram para a fazenda. Um belo dia, estando ali a brincar no campo, exclamou com toda a força dos pulmões: “Hurra,Hurra”.

Ouviu em seguida, num mato próximo, uma voz exclamar também: “Hurra, Hurra”.

O menino assustou-se muito. Gritou logo:“Quem é você?”

A voz desconhecida replicou:“Quem é você?”

Irritado tornou: “Você é louco!”

“Você é louco!” ressoou o mato.

Então Felipe ficou mais zangado ainda, e com mais força começou a dirigir insultos ao mato, os quais foram todos fielmente repetidos pelo eco. Afinal o homenzinho foi ao mato em procura do imaginado menino, mas naturalmente a ninguém pode encontrar.

Enfurecido, Felipe correu para a casa, e queixou-se à mamãe do menino malcriado, que se havia escondido no mato, dirigindo-lhe toda sorte de nomes feios, muito feios.

Respondeu-lhe a mãe: “Desta vez, meu filho, você se enganou muito porque se acusou a si mesmo como menino tão mau. Você não ouviu nada mais que suas próprias palavras. Assim como tem visto muitas vezes seu rosto refletido na água, também agora ouviu o eco de sua voz. Se tivesse falado de maneira agradável, filhinho querido, essas mesmas palavras lhe seriam repetidas.”

Felipe sentiu-se muito envergonhado por estas palavras de sua mãe, e saiu correndo de casa, até chegar perto do mato. Começou logo a proferir palavras amáveis, as quais foram devolvidas fielmente pelo eco, como antes o foram os nomes feios.

É sempre o mesmo; o que nós pensamos ser mal no comportamento de outras pessoas, é muitas vezes só o eco ou repetição de nossas próprias ações. Se tratarmos amavelmente a todas as pessoas (e também aos animais), seremos tratados de modo igual, mas se formos rudes e grosseiros, não poderemos esperar coisa melhor em troco, como recompensa de nosso comportamento reprovável.

publicado na revista Serviço Rosacruz, janeiro, 1967

03/06/2023

O LAR AQUARIANO

Na Idade de Aquário desabrocharão faculdades extraordinárias, psíquicas e mentais, devendo predominar a intuição, o sentimento de fraternidade, a compaixão, a clarividência...

Quando se comenta a precocidade de determinadas crianças é comum dizer-se que "nasceram antes da época". Na realidade apenas expressam, agora, certas qualidades que caracterizarão ou farão parte do cotidiano nos tempos futuros. 

Por outro lado, pergunta-se, frequentemente, qual a razão de os chama- das "crianças
prodígios"
, quando adultos, via de regra manifestarem uma decepcionante mentalidade? Talvez encontremos a resposta ou respostas, dentro do próprio lar onde viveu e cresceu aquele ser.

Uma educação equivocada quase sempre é a causa desse aparente retrocesso. Os pais, no afã egoísta ou megalomaníaco de ver seus filhos "brilharem" e sobrepujarem as outras crianças da mesma faixa etária, forçam-nos a seguir cursos e estudos próprios dos adultos, sobrecarregando-os em demasia. Daí o enorme desgaste nervoso e mental de um corpo desprovido de reservas suficientes e de cujo esforço se ressentirá pela vida afora. Há como que uma indigestão mental ou embotamento intelectual provocado pela saturação. Os pais devem conscientizar-se de que estas crianças devem ser entregues ao seu natural pendor em relação à aprendizagem e aquisição de conhecimentos.

Examinando a questão à luz dos ensinamentos rosacruzes depreende-se muita coisa.

Encontramo-nos já dentro da órbita de influência de Aquário. A medida em que avançamos na evolução e nos aproximamos da nova Idade, a precocidade tanto no aspecto físico como no intelectual tornar-se-á mais frequente.

Na Idade de Aquário desabrocharão faculdades extraordinárias, psíquicas e mentais, devendo predominar a intuição, o sentimento de fraternidade, a compaixão etc. A clarividência, por exemplo, será um estado normal de visão, abrindo-se, em razão dela, perspectivas ora inimagináveis para a medicina e cirurgia, e para a investigação científica de um modo geral.

Percebe-se, amiúde, crianças e principalmente adolescentes, dotadas de qualidades excepcionais, sentirem-se deslocadas em seus próprios lares. Incompreendidas, acabam por tornar-se revoltadas ou inibidas, atrofiando-se, desta forma, potencialidades incomuns. Isso ocorre, porque geralmente os pais ignoram os princípios espirituais da educação. Empenham-se em educar exatamente como foram educados, sem entender que a vida é um verdadeiro caleidoscópio, girando a cada instante, fazendo sobressair renova- das e inusitadas facetas em todos os campos de atividade humana. Um princípio educacional considerado até revolucionário há quinze anos atrás, hoje pode estar até superado. O lar é a base da educação infantil. Ele é o centro onde se sedimentam os verdadeiros traços de qualquer pessoa. Portanto, os pais não devem esquecer-se de que sua função primordial é imprimir à vivência infantil uma orientação perfeitamente compatível com suas melhores tendências genotípicas, consoante métodos adequados da moderna psicopedagogia. Toda limitação ou restrição à atividade infantil é perniciosa: o que importa não é contrariar a natureza, mas favorecer o que nela há de bom e belo.

Uma educação científico-espiritualista e hoje não se pode educar conscientemente de outra forma exige dos pais e educadores conhecimentos e experiências de vida de tal monta que, pelo menos em certa extensão deverão estar afinados com os ideais aquarianos. Não há outro caminho capaz de estimular a floração de uma individualidade integral. E o homem do futuro será o "homem integral", desenvolvido em todos os aspectos
.

Editorial da revista Serviço Rosacruz, junho de 1982