24/02/2017

AS AVENTURAS DE REX E ZENDAH NO ZODIACO (Libra)

Rex e Zenda no Zodíaco - Na  Terra da Balança -  Imagem da revista "Rays from the Rose Cross", e editada por Rosacruz e Devoção

Original de Esme Swajnson

No momento em que as crianças se voltaram e viram o portão seguinte, exclamaram:
- "Que lindo!"

De certo era o portão mais bonito de todos os que já viram. Os pilares eram semelhantes a pessegueiros, com cachos de frutos pendentes dos ramos. O Portão propriamente dito era de cobre polido tendo em cima um sol de cobre meio mergulhado num mar também de cobre. Cada raio do sol terminava por um ponteiro.

No centro do portão erguia-se outro pilar em cuja extremidade, que ficava justamente sob o sol de cobre já mencionado, havia uma balança de dois pratos. Um dos pratos estava erguido e o outro abaixado; neste último estava uma bola que cintilava com muitas cores.

-"Esta é a terra da Balança", disse Rex; "não me admira se antes, de podermos entrar tivermos de procurar algo para botar no outro prato a fim de equilibrar a balança".

-"0 melhor que fazemos é procurar logo", disse Zendah, examinando os bolsos. Neles encontrou apenas um lenço. Rex achou apenas o canivete que deixara cair nas proximidades do portão anterior.

Ficando nas pontas dos pés, colocaram esses objetos no prato da balança; nada aconteceu. Aquilo não era bastante para equilibrar a bola.Olhando em torno, viram no pilar central uma pequena caixa onde se lia:

"PROCURA BEM; ESCOLHE SABIAMENTE".

Abrindo a caixa, encontraram dentro dela pequenos grãos de ouro, alguns corações também de ouro, pequenas espátulas e vários livros pequenos. Rex apanhou os grãos de ouro e empilhou-os no prato da balança, mas esta não se moveu. Apanhou então uma porção de espátulas que colocou no prato. Nada; a bola continuava em baixo. Tentaram com os livrinhos mas não obtiveram resultados.

-"Bem só ficou faltando uma coisa", disse Zendah; "talvez de certo". Apanhou os corações de ouro e os colocou no prato da balança. Imediatamente a balança começou a movimentar-se, ora súbito um dos pratos, ora outro, até que ficou em equilíbrio, com os dois pratos nivelados. .
.
Nessa ocasião ouviram-se vozes entoando um acorde, acompanhadas de sons musicais.

"Dê a senha do equilíbrio perfeito".

"Harmonia", responderam os meninos.
0 portão abriu-se tão silenciosamente que os meninos ficaram maravilhados.

Lá dentro estava de pé o Pai Templo. Os meninos olharam para ele espantados pois estava diferente daquele que já conheciam. Não estava com a capa que aparecera na Terra do Capricórnio; agora vestia uma túnica branca prateada, coberta de pedras cintilantes e de ornamentos verdes.

Vendo-o, as crianças lembraram-se daqueles magníficos dias de sol no inverno, quando a neve cintilava como diamante nos pinheiros. Pai Templo sorriu vendo o espanto dos meninos e disse-lhes:

"Eu só visto esta túnica quando venho visitar a Rainha Vênus. Em geral, nas outras terras, todos me julgam malvado, mas não sou assim tão severo. Vocês verão quando me conhecerem melhor. Aprendam tudo o que puderem aqui e reflitam. A Rainha Vênus lhes dirá como". Apanhou sua capa escura e sua ampulheta em um nicho próximo ao portão pelo qual saíra, fechando-o após passar.

-"Refletir, refletir em que?", perguntou Rex.
-"Sei lá", disse Zendah, "mas espero que logo saberemos".

Olharam em volta;tudo era bonito; o céu iluminado pelo mais bonito crepúsculo como jamais viram. 0 perfume de várias flores chegava até eles mas era difícil identificar tais flores porque a fragància era muito diferente daquela a que estavam acostumados.

Sete estradas abriam-se defronte deles e por uma delas, vinha em direção aos meninos um homem e uma mulher de braços dados. Era agradável olhar para esse casal mas o que surpreendia era que eles não caminhavam pelo chão, mas flutuavam. Ambos trajavam roupas da mesma cor azul que o mar mostra quando o sol quente do verão brilha. Em sua cintura traziam cintos de cobre com camadas de opalas. Não pareciam ser sólidos pois, por vezes as crianças julgaram ver através deles.

Quando chegaram perto de Rex e Zendah, a eles se juntou outro casal e os quatro entoaram o acorde que os meninos ouviram na entrada.

Imediatamente surgiram centenas de pequeninas fadas segurando um tapete de várias cores que mais parecia uma nuvem ao por do sol. Com sorrisos e gestos, as fadas convidaram os meninos a se sentarem nesse tapete.


Os meninos sentaram-se e o tapete deslisava tão suavemente que os meninos nem perceberam quando ele se elevou nos ares. Viajando assim era muito mais fácil verem tudo. Esse meio de transporte foi que utilizaram na visita às Terras do Zodíaco, pensam os meninos. Coisa curiosa eles puderam observar: todas as casas estavam suspensas no ar; nenhuma estava construída em terra firme. Não puderam compreender como era feito os alicerces.

Por toda a parte viram lindos jardins cheios de flores nas quais as abelhas sugavam o néctar.Ouvindo uma música em surdina, procuravam ver de onde vinha. Eram as fadas cantando para adormecer as flores a fim de poderem depositar nelas o mel que as abelhas encontrariam no dia seguinte, sobre suas cabeças precipitaram-se os sons de uma música gloriosa. Eles olharam para cima e viram um palácio.

0 palácio era feito de nuvens; suas torres e pináculos, multicicores: vermelho, alaranjado, verde, púrpura e aquele azul bonito que você vê no céu durante o crepúsculo de um dia claro. Subindo sempre, os meninos chegaram à entrada. Ao seu encontro vieram fadas para saudá-los e orná-los com colares feitos de rosas que colocaram em volta dos seus pescoços.

Descendo do tapete, subiram os degraus mágicos do castelo e entraram na ante-câmara. Por Toda a parte, havia flores e fadas. Logo chegaram a um corredor com muitos quartos, sete dos quais tinham o mesmo tamanho mas diferiam na cor:vermelho, alaranjado, verde, amarelo, azul, violeta e índigo.

Cada quarto parecia mais bonito que o anterior e quando os meninos passavam pelos seus umbrais dos quartos, ouvia-se uma nota musical. Cada quarto agia sobre os meninos de modo diferente. Passando pelo quarto vermelho, eles sentiam-se cheios de vida e de energia; nada os perturbava e caminhavam através desse quarto como que marchando; de fato, a nota musical desse quarto soava como marcha para os meninos. No quarto alaranjado eles sentiam-se como se estivessem ao sol; queriam sentar-se a gozar desse sol e planejar sobre o que desejavam fazer.

O quarto amarelo fê-los sentirem-se capazes, Rex pensou nas notas que não conseguira no colégio e imediatamente achou todas as respostas às questões que não soubera responder. Zendah lembrou-se de todas as datas da História que, para ela, sempre foram difíceis de guardar.

No quarto verde Zendah lembrou-se que não havia dado comida aos seus coelhos na noite anterior e que não ajudara sua mãe na jardinagem conforme havia prometido. Rex lembrou-se do rapaz de perna quebrada que morava na casinha isolada da estrada e que lhe pedira para ler um livro para ele.

O quarto azul dava a sensação de estarem numa igreja e eles o atravessaram nas pontas dos pés e falavam baixinho, murmurando. Imaginaram ver Anjos em torno, e ouviram um órgão tocando, como ouviam aos Domingos.
0 quarto violeta! Os meninos nunca puderam explicar exatamen-te como se sentiram dentro dele. Era uma sensação algo parecido com a que tiveram na terra dos Peixes e no Templo do Santo Graal.

Finalmente entraram no quarto azul marinho, no grande hall. Lá no fim, viram a Rainha Vênus sorrindo para eles, sentada em um trono de marfim.

O trono era alto e seu espaldar curvava-se para a frente por cima da cabeça da rainha dando a impressão que ela estava sentada dentro de uma bola de marfim. No trono havia uma bonita almofada azul e por trás dele das paredes, pendiam cortinas de seda azul pintadas a várias cores. Por toda a parte viam-se vasos com flores e as pessoas presentes tinham grinaldas na cabeça. A Rainha Vênus estava vestida de pura sede branca bordada em azul com opalas. As crianças correram para ela e seguraram suas mãos.

"Sentem-se nas almofadas, perto de mim", disse ela, "e reflitam. Os meninos entreolharam-se e murmuraram:

"De novo, refletir? Que quer dizer isso?.

Sentando-se nas almofadas que lhe foram designadas, eles observavam. Chegavam à sala muitas pessoas com o rosto triste, melancólicas e irritadas. A Rainha Vênus voltava-se para eles, murmurava algumas palavras nos seus ouvidos e mandava-os sair acompanhados por um dos presentes.

Em pouco tempo voltaram, completamente diferentes, e beijando as mãos da Rainha, retiravam-se da sala.

-"Sabem o que passa com essas pessoas? Perguntou Vênus às crianças, Rex fez que não com a cabeça.

-"Todos sentem-se infelizes ou estão descontentes. Vem aprender a fazer a paz em vez de serem causadores de perturbações no mundo. Eles não compreendem que cada um tem sua nota musical particular, sua cor própria, e se eles não usarem sua nota própria, sairão do tom. Por isso mando tais pessoas através dos quartos pelos quais vocês já passaram, para que encontrem sua nota musical e aprendam a usá-la corretamente. Depois eles voltam para a terra com sua tonalidade restaurada e não mais se queixam.

Tudo tem sua nota própria; prestem atenção às quedas d'água e ao vento que sopra entre as árvores e vocês ouvirão suas tônicas. Até as estrelas tem seu acorde. Ouçam!"


A Rainha ergueu sua mão e fez-se silêncio na sala. Ela levantou-se e entoou algumas notas de um acorde. No ar, sobre os assistentes apareceu uma lira com sete cordas. A primeira corda vibrou e emitiu um som, depois a segunda a terceira, a quarta, até que as sete cordas, vibraram conjuntas. Sobre a lira relampagueou uma estrela que desapareceu em seguida. Os meninos jamais ouviram sons iguais, tão sublimes que eles sentiram medo e foram para perto da Rainha Vênus.

Rindo do receio dos meninos, disse Vênus:
"Esta é a música dos sete planetas; na terra, somente os poetas e os grandes músicos podem ouvi-la. Os grandes músicos nunca ficam satisfeitos com o seu trabalho porque é muito difícil transportar a música das esferas para o papel, a fim de que outras pessoas possam tocá-la. Se vocês sempre pensarem em coisas bonitas e procurarem causar felicidade por onde andarem po­derão voltar a esta Terra e ouvir de novo a música dos planetas, porque esta é a Terra da Harmonia.

"Foi isso o que o Pai Templo quis dizer quando disse a vocês para refletirem; reflitam antes de falar para que não pronunciem palavras más que vão ferir e prejudicar a harmonia do mundo. Reflitam antes de agir, para verem se o que vão fazer será de ajuda para os outros e não para vocês mesmos.

"Para que vocês se lembrem desta terra tomem esta estrela de opala com cinco pontas, Zendah. E você Rex, tome esta pequena lira de sete cordas para com ela tentar fazer músicas de verdade para o mundo".

Os meninos beijaram as mãos de Vênus ao se despedirem dela, e disseram que se sentiam muito entristecidos por terem de deixá-la, mas Vênus sorriu e disse-lhes que eles a veriam de novo antes de regressarem para casa.

Fora do palácio retomaram o tapete mágico e voaram para o portão. Em vez de saírem pelo portão aberto, os meninos sentiram que passavam através do portão fechado.

O tapete e as fadas desapareceram e os meninos desceram lentamente até o chão, no lado de fora.

A balança pendia novamente para um lado. 0 sol que se punha no alto do portão desapareceu sob o mar de cobre e aos poucos fez-se escuridão.

As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco – tradução pela Fraternidade Rosacruz – Sede Central do Brasil publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980 - 81. O original de Esme Swajnson.foi publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61 e novamente nos anos 1996-97.

03/02/2017

AS AVENTURAS DE REX E ZENDAH NO ZODIACO (Escorpião)

Rex e Zenda no Zodíaco - na Terra do Escorpião. Imagem da revista "Rays from the Rose Cross" e editada por Rosacruz e Devoção
Original de Esme Swajnson

Depois que os portões da terra do Arqueiro se fecharam completamente, Rex e Zendah procuravam a entrada da próxima Terra mas não viram nenhum vestígio
dela.

"Como podemos tentar abrir um portão que não parece existir?." disse Rex. "Talvez Hermes venha nos ajudar".

Para passar tempo, eles sentaram-se no chão e começaram a olhar para a lista da senha que Hermes lhes dera. Enquanto eles abriam a lista, Zendah percebeu pequenos pedaços de pedra brilhantes, que pareciam ir um em direção dos outros, quando ela os remexia com os pés.

Ela sentou-se quietinha e observou. Não eles não se movem: deve ter sido sua imaginação. Nesse momento, Rex deixou cair o canivete que havia tirado do seu bolso; como isso acontecera ele nunca soube, mas, para seu espanto, os estranhos pedaços de pedra moveram-se para o canivete e arrumaram-se em volta dele.

"Por que será: disse Rex, "que parecem partes de um quebra-cabeças?."

Apanharam algumas pedrinhas.
"Você acha que pode ser um quebra-cabeça?" perguntou Zendah.

"Vamos tentar fazer uma palavra juntando algumas."
Juntaram uma quantidade dessas pedrinhas esquisitas, escuras e brilhantes e viram que podiam fazer várias palavras com elas. Afinal fizeram a palavra "SEGREDO".
Imediatamente um ruído curioso por trás deles fez que eles se voltasse. Era um som sibilante e eles viram algo que parecia água correndo ligeira sobre pedras num leito de rio, depois de muitas chuvas.

Viram então um movimento, onde antes parecia nada haver. No fundo do leito do rio havia inúmeras linhas movendo-se em espiral, elevando-se aos poucos, indo de um lugar para o outro, ligeiras, para cima e para baixo até formarem um funil, uma tromba dágua, tão alta, quanto uma casa e com cerca de oito pés de largura no alto.

No fundo, sua cor era púrpura escura quase preta; mas as linhas móveis tornaram-se mais claras, mais avermelhadas, até parecerem de uma linda cor carmesim. Então formou-se no fundo do funil uma bolha que aos poucos foi subindo até em cima, para rebentar sem ruído.

Mais sete bolhas, cada uma maior do que a outra, subiram, e quando a última, a oitava, rebentou, toda a água desapareceu e eles viram o portão que dava acesso àquela Terra. Era feito de ferro primorosamente trabalhado, com a figura de uma enorme águia bem por cima.

Nenhuma voz pediu a senha; o portão abriu-se subitamente com um clangor, e também subitamente fechou-se logo que os meninos o transpuseram.

Na sua frente o caminho estava bloqueado por grandes pedras sobrepostas que fechavam também os lados, até onde estava o portão que agora desaparecera.

Não era possível avançar nem retroceder, mas parecia haver uma entrada, pois uma corrente de água escura passava sob a pedra próxima dos meninos.

"Vamos tentar dando a senha" disse Zendah. "Pode ser que aqui seja como na caverna de Ali-Babá". E eles murmuraram: "PODER".

Oito vezes essa palavra ecoou pelas pedras, como se fora um coro de pessoas invisíveis zombando deles. Mas súbito apareceu uma passagem à sua frente. Do outro lado, havia um bote.

Os meninos entraram no bote, e sem qualquer aviso o bote partiu em grande velocidade, como se o rio descesse pela montanha. Passaram por cavernas tão negras como azeviche; atravessaram torrentes tão rápidas que o bote estremecia tanto ao ponto de pensarem que seria lançados fora dele! Por vezes as águas eram geladas e eles viam blocos de gelo, de todas as formas e tamanhos, espichando-se para cima, de ambos os lados como se fossem os pilares de uma catedral. Depois passaram por um lugar que era tão quente quanto era frio o lugar que haviam deixado. Fontes de água fervente lançavam-se para o teto da caverna e os meninos mal podiam respirar naquela atmosfera abrasadora.

Quiseram parar o bote mas não puderam porque as paredes da caverna eram revestidas de vidros coloridos que pareciam as jóias que sua mamãe usava no pescoço.

Afinal o bote foi lançado em terra aberta e parou ao lado de um outeiro onde cresciam sabugueiros e alnos. No outeiro estava de pé um personagem que eles reconhe­ceram. Era Marte. Pularam do bote e correram para ele.

"Vocês não demoraram a encontrar o segredo da entrada da caverna disse ele, "e estou muito satisfeito porque a viagem subterrânea não amedrontou vocês. Na terra do Escorpião-Águia vocês terão de descobrir muitas coisas por vocês mesmos. Agora escolham: querem ir para leste ou para oeste?"

   "Oeste", disse Zendah, falando primeiro, antes que Rex pudesse decidir. Logo que ela falou, desceu uma carruagem voadora puxada por quatro águia

Subiram na carruagem e voaram sobre campos gelados, sobre quedas d'água; subiram até muitas milhas de altura, até que o ar tornou-se mais quente e chegou até eles um perfume parecido com o de um jardim.

Desceram da carruagem. Estavam num terreno extenso e plano, cheio de canteiros com plantas. Algumas eram conhecidas porque no jardim de sua casa havia delas, mas a grande maioria, eles jamais haviam visto antes.

"Como cheiram bem" disse Rex indo de um canteiro para outro, apanhando aqui e ali uma folha enquanto iam e vinham pelas aléas. "Mas porque são precisas tantas?".

    "Elas tem muitos usos como você verá", respondeu Marte, levando-os mais longe. No meio do jardim das plantas havia uma casa comprida e baixa; dentro dela vi­ram muitas mulheres pondo as plantas em bandeijas para secar, e depois passando-as por peneiras e por fim colocando-as em garrafas. Viram as plantas, em outra parte da casa, sendo fervidas em grandes vasilhas para servirem de remédios que os médicos usam para curar pessoas doentes.

  "Existem uma planta para cada doença; basta que as pessoas se deem ao trabalho de descobri-la", disse Marte.

No centro da construção havia um quarto com janelas de vidros pelas quais as crianças viram oito homens, idosos em torno de uma mesa sobre a qual havia um vaso de vidro arrolhado. Para seu espanto, viram que o vaso estava cheio de um líquido de cor linda que se movia e pulava como se quisesse sair do vaso. Era de linda cor carmesin, semelhante a vinho com centenas de bolhas douradas. Era tão bonito que pediram para levar um pouco para casa mas disseram-lhes que ainda não estava pronto e que quando ficasse pronto curaria qualquer doença.

-      "É o Elixir da Vida que os antigos alquimistas sempre tentaram fazer, e eles vieram da Terra para esta terra para descobrirem como faze-lo disse Marte".

Outra coisa interessante que eles viram foi uma porção de pessoas fazendo óculos. 0 interessante é que não havia dois pares de formato semelhante e cada um tinha vidros de uma cor diferente.

Pediram para olhar um desses óculos. Todas as pessoas puseram-se a rir e disseram em coro:
—    "Vocês já tem um par".

De onde vieram os óculos subitamente, eles não tinham ideia, mas Rex estava com óculos cor de rosa e Zendah com óculos azuis.

Que maravilha viram por esses óculos! Podiam ver dentro da terra, como se esta fosse transparente, ver onde estavam os poços de petróleo e ver correntes d'água subterrâneas. Olhando para os rios, viram que estavam cheios de ondinas brincando umas com as outras. No ar, viram milhares de figuras pequeninas que antes não haviam visto e perceberam algumas delas em torno das flores com pincéis e paletas de tinta, colocando as cores nos bastões que se abriam e nos frutos. Aqueles óculos eram mágicos; "Todo o mundo tem um par", disse Marte, "mas muito poucas pessoas sabem como usá-los e a maioria nem sabe que os possui".

Saindo da fábrica de óculos, viram, num pátio próximo, um poço profundo coberto com uma grande pedra mármore. Marte retirou a pedra e eles viram que o poço estava seco. Na areia do fundo do poço rastejavam alguns bichos escamosos que tinham um ferrão na extremidade das caudas que mantinham curvadas por cima de suas costas.

—"Estes não deviam estar aqui", disse Marte. "Já foram todos bonitas águias, mas toda vez que uma criança da terra diz uma palavra má grosseira, uma das nossas águias vira escorpião."

"E nunca mais voltam a ser águias?" — perguntou Zendah, sentindo muita pena das pobres águias condenadas a rastejar em vez de voar.

"Oh, sim mas as crianças devem fazer três boas ações antes que eles possam virar águias de novo."

Os meninos viram muitas outras coisas curiosas.Todas estavam ocultas, e, para se tornarem visíveis, tinham de pronunciar uma palavra mágica. Afinal chegaram às escadas de um palácio.

Este palácio estava sobre oito pilares e tinha um fosso em toda a volta, de modo que todo o palácio se refletia na água do fosso; a ponte de acesso parecia feita de nuvens e cada passo que Rex e Zendah davam era como se andassem em flocos de algodão. Mulheres vestindo capas vermelho-escuro e com véus em suas cabeças, presos por um ornamento em forma de serpente, es­tavam em pé nas passagens e corredores para saudar a Marte e aos meninos levantando a mão. Meninos-pagens de olhos negros penetrantes e com cachos de cabelos escuros ondulados, afastaram as cortinas do salão central.

A parte superior do salão era feita de mármore preto e branco e o trono era uma grande pedra verde salpicada de pequenos pontos . vermelhos. De cada lado havia gran­des vasos de ferro nos quais cresciam brancas papoulas.

Uma lâmpada de luz vermelha pendia do teto defronte ao trono e braseiros de cada lado desprendiam nuvens de fumaça aromática. Havia alguém sentado no trono, vestindo roupa de cor carmesim róseo debruada com bordados de várias cores e ricamente cravejada de jóias. Os meninos não puderam ver o rosto do rei porque estava coberto por oito véus, mas viram que usava uma coroa cravejada de jóias cintilantes.

Uma voz profunda apresentou-lhes as boas vindas e ordenou que seu assistente enchesse a taça e desse ás crianças a bebida da lembrança. "Pois sem ela não seriam capazes de, evocar o que haviam visto na Terra do Escorpião-Águia." Uma mulher alta estendeu-lhes uma taça lindamente lapidada, cheia com líquido vermelho, ao mesmo tempo que passava a mão sobre os olhos dos meninos. Era uma bebida estranha, muito doce enquanto bebiam, mas deixando um gosto amargo na boca depois de ingerida.

Devolvendo a taça, olharam para o trono e viram atrás deles uma pessoa com asas — um Grande Ser que atingia quase o teto do salão, tendo uma estrela cintilante na cabeça.

Era um dos quatro Guardiões dos Ventos, disseram-lhes, e a quarta parte do mundo estava a seu cargo. Outro robusto Guardião vivia na Terra do Homem do Jarro, mas como os meninos ainda não haviam bebido da água da lembrança, eles não tinham podido ver nenhum dos quatro Guardiões.

Estavam embevecidos olhando para as lindas asas e para a estrela cintilante do Anjo até que a voz do rei despertou-os.
— "Tragam o Capacete da Invisibilidade", ordenou o rei.

Um pagem entrou trazendo uma almofada de cetim mas eles não viram nada nela. Este "nada" foi posto na cabeça de Zendah. Ela sentiu como se estivesse pondo um chapéu na sua cabeça, só que não via o que era e quando o chapéu foi colocado nela, Rex não mais a viu; ela tornara-se invisível.

Em torno do pescoço de Rex foi pendurado um cordão vermelho com um pendente feito de um topázio um formato de águia.

"O capacete Invisível ajudará vocês a verem as coisas ocultas, e também servirá para torná-los invisíveis na terra, como ficaram aqui".

Vocês já ficaram muito tempo nesta terra mas ainda tem muito o que ver", disse o Rei. "e eu mandarei vocês rapidamente para a próxima Terra".

O Rei levantou-se e elevando as mãos acima da cabeça falou uma palavra estranha que os meninos jamais se lembraram qual foi.

O assoalho pareceu levantar-se tudo ficou escuro, era a primeira coisa que eles perceberam é que estavam do lado de fora do portão, e, como tinha acontecido antes de entrarem não viram nenhum sinal dele.

"Este é o segundo terremoto", disse Zendah.
As Aventuras de Rex e Zenda no Zodíaco – tradução pela Fraternidade Rosacruz – Sede Central do Brasil publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980 - 81. O original de Esme Swajnson.foi publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61 e novamente nos anos 1996-97.