Rex e Zenda no Zodíaco - na Terra do Escorpião. Imagem da revista "Rays from the Rose Cross" e editada por Rosacruz e Devoção
Original de Esme Swajnson
—"Como podemos tentar abrir um portão que não parece existir?."
disse Rex. "Talvez Hermes venha nos ajudar".
Para
passar tempo, eles sentaram-se no chão e começaram a olhar para a lista da
senha que Hermes lhes dera. Enquanto eles abriam a lista, Zendah percebeu pequenos
pedaços de pedra brilhantes, que pareciam ir um em direção dos outros, quando ela
os remexia com os pés.
Ela
sentou-se quietinha e observou. Não eles não se movem: deve ter sido sua
imaginação. Nesse momento, Rex deixou cair o canivete que havia tirado do seu
bolso; como isso acontecera ele nunca soube, mas, para seu espanto, os estranhos
pedaços de pedra moveram-se para o canivete e arrumaram-se em volta dele.
—"Por que será: disse Rex, "que parecem partes de um quebra-cabeças?."
Apanharam
algumas pedrinhas.
—"Você acha que pode ser um quebra-cabeça?" perguntou Zendah.
"Vamos
tentar fazer uma palavra juntando algumas."
Juntaram
uma quantidade dessas pedrinhas esquisitas, escuras e brilhantes e viram que
podiam fazer várias palavras com elas. Afinal fizeram a palavra
"SEGREDO".
Imediatamente
um ruído curioso por trás deles fez que eles se voltasse. Era um som sibilante
e eles viram algo que parecia água correndo ligeira sobre pedras num leito de
rio, depois de muitas chuvas.
Viram
então um movimento, onde antes parecia nada haver. No fundo do leito do rio
havia inúmeras linhas movendo-se em espiral, elevando-se aos poucos, indo de um
lugar para o outro, ligeiras, para cima e para baixo até formarem um funil, uma
tromba dágua, tão alta, quanto uma casa e com cerca de oito pés de largura no
alto.
No
fundo, sua cor era púrpura escura quase preta; mas as linhas móveis tornaram-se
mais claras, mais avermelhadas, até parecerem de uma linda cor carmesim. Então
formou-se no fundo do funil uma bolha que aos poucos foi subindo até em cima,
para rebentar sem ruído.
Mais
sete bolhas, cada uma maior do que a outra, subiram, e quando a última, a
oitava, rebentou, toda a água desapareceu e eles viram o portão que dava acesso
àquela Terra. Era feito de ferro primorosamente trabalhado, com a figura de uma
enorme águia bem por cima.
Nenhuma
voz pediu a senha; o portão abriu-se subitamente com um clangor, e também
subitamente fechou-se logo que os meninos o transpuseram.
Na
sua frente o caminho estava bloqueado por grandes pedras sobrepostas que
fechavam também os lados, até onde estava o portão que agora desaparecera.
Não
era possível avançar nem retroceder, mas parecia haver uma entrada, pois uma
corrente de água escura passava sob a pedra próxima dos meninos.
"Vamos
tentar dando a senha" disse Zendah. "Pode ser que aqui seja como na
caverna de Ali-Babá". E eles murmuraram: "PODER".
Oito
vezes essa palavra ecoou pelas pedras, como se fora um coro de pessoas
invisíveis zombando deles. Mas súbito apareceu uma passagem à sua frente. Do
outro lado, havia um bote.
Os
meninos entraram no bote, e sem qualquer aviso o bote partiu em grande
velocidade, como se o rio descesse pela montanha. Passaram por cavernas tão
negras como azeviche; atravessaram torrentes tão rápidas que o bote estremecia
tanto ao ponto de pensarem que seria lançados fora dele! Por vezes as águas
eram geladas e eles viam blocos de gelo, de todas as formas e tamanhos,
espichando-se para cima, de ambos os lados como se fossem os pilares de uma
catedral. Depois passaram por um lugar que era tão quente quanto era frio o
lugar que haviam deixado. Fontes de água fervente lançavam-se para o teto da
caverna e os meninos mal podiam respirar naquela atmosfera abrasadora.
Quiseram
parar o bote mas não puderam porque as paredes da caverna eram revestidas de
vidros coloridos que pareciam as jóias que sua mamãe usava no pescoço.
Afinal
o bote foi lançado em terra aberta e parou ao lado de um outeiro onde cresciam
sabugueiros e alnos. No outeiro estava de pé um personagem que eles reconheceram.
Era Marte. Pularam do bote e correram para ele.
—"Vocês não demoraram a encontrar o segredo da entrada da caverna
disse ele, "e estou muito satisfeito porque a viagem subterrânea não
amedrontou vocês. Na terra do Escorpião-Águia vocês terão de descobrir muitas
coisas por vocês mesmos. Agora escolham: querem ir para leste ou para
oeste?"
—
"Oeste",
disse Zendah, falando primeiro, antes que Rex pudesse decidir. Logo que ela
falou, desceu uma carruagem voadora puxada por quatro águia
Subiram
na carruagem e voaram sobre campos gelados, sobre quedas d'água; subiram até
muitas milhas de altura, até que o ar tornou-se mais quente e chegou até eles
um perfume parecido com o de um jardim.
Desceram
da carruagem. Estavam num terreno extenso e plano, cheio de canteiros com plantas.
Algumas eram conhecidas porque no jardim de sua casa havia delas, mas a grande
maioria, eles jamais haviam visto antes.
— "Como cheiram bem" disse Rex indo de um canteiro para outro,
apanhando aqui e ali uma folha enquanto iam e vinham pelas aléas. "Mas
porque são precisas tantas?".
— "Elas tem muitos usos como você verá", respondeu Marte, levando-os
mais longe. No meio do jardim das plantas havia uma casa comprida e baixa;
dentro dela viram muitas mulheres pondo as plantas em bandeijas para secar, e
depois passando-as por peneiras e por fim colocando-as em garrafas. Viram
as plantas, em outra parte da casa, sendo fervidas em grandes vasilhas para
servirem de remédios que os médicos usam para curar pessoas doentes.
— "Existem uma planta para cada doença; basta que as pessoas se deem
ao trabalho de descobri-la", disse Marte.
No
centro da construção havia um quarto com janelas de vidros pelas quais as
crianças viram oito homens, idosos em torno de uma mesa sobre a qual havia um
vaso de vidro arrolhado. Para seu espanto, viram que o vaso estava cheio de um
líquido de cor linda que se movia e pulava como se quisesse sair do
vaso. Era de linda cor carmesin, semelhante a vinho com centenas de bolhas douradas.
Era tão bonito que pediram para levar um pouco para casa mas disseram-lhes que
ainda não estava pronto e que quando ficasse pronto curaria qualquer
doença.
- "É o Elixir da Vida que os antigos
alquimistas sempre tentaram fazer, e eles vieram da Terra para esta terra para
descobrirem como faze-lo disse Marte".
Outra
coisa interessante que eles viram foi uma porção de pessoas fazendo óculos. 0
interessante é que não havia dois pares de formato semelhante e cada um tinha
vidros de uma cor diferente.
Pediram
para olhar um desses óculos. Todas as pessoas puseram-se a rir e disseram em
coro:
— "Vocês já tem um par".
De
onde vieram os óculos subitamente, eles não tinham ideia, mas Rex estava com
óculos cor de rosa e Zendah com óculos azuis.
Que
maravilha viram por esses óculos! Podiam ver dentro da terra, como se esta
fosse transparente, ver onde estavam os poços de petróleo e ver correntes
d'água subterrâneas. Olhando para os rios, viram que estavam cheios de
ondinas brincando umas com as outras. No ar, viram milhares de figuras
pequeninas que antes não haviam visto e perceberam algumas delas em torno das
flores com pincéis e paletas de tinta, colocando as cores nos bastões
que se abriam e nos frutos. Aqueles óculos eram mágicos; "Todo o mundo tem
um par", disse Marte, "mas muito poucas pessoas sabem como
usá-los e a maioria nem sabe que os possui".
Saindo
da fábrica de óculos, viram, num pátio próximo, um poço profundo coberto com uma grande pedra mármore. Marte
retirou a pedra e eles viram que o poço estava seco. Na areia do fundo do poço
rastejavam alguns bichos escamosos que tinham um ferrão na extremidade das
caudas que mantinham curvadas por cima de suas costas.
—"Estes
não deviam estar aqui", disse Marte. "Já foram todos bonitas águias,
mas toda vez que uma criança da terra diz uma palavra má grosseira, uma das
nossas águias vira escorpião."
— "E nunca mais voltam a ser águias?" — perguntou Zendah, sentindo
muita pena das pobres águias condenadas a rastejar em vez de voar.
— "Oh, sim mas as crianças devem fazer três boas ações antes que eles possam virar águias de novo."
Os
meninos viram muitas outras coisas curiosas.Todas estavam ocultas, e, para se tornarem visíveis, tinham de pronunciar uma palavra mágica. Afinal chegaram às escadas de
um palácio.
Este
palácio estava sobre oito pilares e tinha um fosso em toda a volta, de modo que
todo o palácio se refletia na água do fosso; a ponte de acesso parecia feita de
nuvens e cada passo que Rex e Zendah davam era como se andassem em flocos de
algodão. Mulheres vestindo capas vermelho-escuro e com véus em suas cabeças,
presos por um ornamento em forma de serpente, estavam em pé nas passagens e
corredores para saudar a Marte e aos meninos levantando a mão. Meninos-pagens
de olhos negros penetrantes e com cachos de cabelos escuros ondulados,
afastaram as cortinas do salão central.
A
parte superior do salão era feita de mármore preto e branco e o trono era uma
grande pedra verde salpicada de pequenos pontos . vermelhos. De cada lado havia
grandes vasos de ferro nos quais cresciam brancas papoulas.
Uma
voz profunda apresentou-lhes as boas vindas e ordenou que seu assistente
enchesse a taça e desse ás crianças a bebida da lembrança. "Pois sem ela
não seriam capazes de, evocar o que haviam visto na Terra do
Escorpião-Águia." Uma mulher alta estendeu-lhes uma taça lindamente
lapidada, cheia com líquido vermelho, ao mesmo tempo que passava a mão sobre os
olhos dos meninos. Era uma bebida estranha, muito doce enquanto bebiam, mas
deixando um gosto amargo na boca depois de ingerida.
Devolvendo
a taça, olharam para o trono e viram atrás deles uma pessoa com asas — um
Grande Ser que atingia quase o teto do salão, tendo uma estrela cintilante na
cabeça.
Era
um dos quatro Guardiões dos Ventos, disseram-lhes, e a quarta parte do mundo
estava a seu cargo. Outro robusto Guardião vivia na Terra do Homem do Jarro,
mas como os meninos ainda não haviam bebido da água da lembrança, eles não
tinham podido ver nenhum dos quatro Guardiões.
Estavam
embevecidos olhando para as lindas asas e para a estrela cintilante do Anjo até
que a voz do rei despertou-os.
—
"Tragam o Capacete da Invisibilidade", ordenou o rei.
Um
pagem entrou trazendo uma almofada de cetim mas eles não viram nada nela. Este
"nada" foi posto na cabeça de Zendah. Ela sentiu como se estivesse
pondo um chapéu na sua cabeça, só que não via o que era e quando o chapéu foi
colocado nela, Rex não mais a viu; ela tornara-se invisível.
Em
torno do pescoço de Rex foi pendurado um cordão vermelho com um pendente feito
de um topázio um formato de águia.
—"O capacete Invisível ajudará vocês a verem as coisas ocultas, e
também servirá para torná-los invisíveis na terra, como ficaram aqui".
Vocês
já ficaram muito tempo nesta terra mas ainda tem muito o que ver", disse o
Rei. "e eu mandarei vocês rapidamente para a próxima Terra".
O
Rei levantou-se e elevando as mãos acima da cabeça falou uma palavra estranha
que os meninos jamais se lembraram qual foi.
O
assoalho pareceu levantar-se tudo ficou escuro, era a primeira coisa que eles
perceberam é que estavam do lado de fora do portão, e, como tinha acontecido
antes de entrarem não viram nenhum sinal dele.
As Aventuras de Rex e
Zenda no Zodíaco – tradução pela Fraternidade Rosacruz – Sede Central do Brasil
publicado na revista Serviço Rosacruz de 1980 - 81. O original de Esme
Swajnson.foi publicado na revista Rays from the Rose Cross nos anos 1960-61 e
novamente nos anos 1996-97.
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