Imagem da revista "Rays from the Rose Cross", editada por Rosacruz e Devoção
Original de Esme Swajnson
Se
vocês não estão habituados aos terremotos, eles lhes tirarão o fôlego, embora,
como no caso que vimos eles contribuam para economizar o tempo. Poucos minutos depois
os meninos levantaram-se, começaram a procura do portão do Caranguejo.
Primeiramente tiveram que esfregar bem os olhos porque não podiam distinguir
onde estava o portão por causa do nevoeiro.
Era
como se procurasse ver o monte que além do quintal de sua casa em manhã
enevoada.
Mas,
na medida em que acomodavam a vista, a névoa foi-se dissipando e eles viram um
portão de prata, brilhante. No centro do portão, um gigantesco caranguejo
sustinha entre suas tenazes uma lua crescente que brilhava como a própria lua.
Na carapaça do caranguejo havia dois sinais, como notas de músicas, lado a
lado.
Em
torno do portão havia palavras escritas, difíceis de ler porque o portão girava
sem parar. Num determinado momento, o crescente lunar estava na parte superior do
portão, para pouco tempo depois aparecer na parte inferior. No lugar das
dobradiças, existiam estranhas peças de prata parecidas com as tenazes do
caranguejo. Havia um sulco nas tenazes, onde o portão estava encaixado e onde
deslizava, girando, girando... Em cada metade do portão havia uma fechadura e
os meninos ficaram embaraçados, sem saber qual das duas servia para abri-lo,
mesmo porque eles ainda não possuíam a chave.
Zendah
foi a primeira a ver uma portinha num dos pilares, esculpida em formato de caranguejo:
tocando-a com seus dedos, ela abriu-se. Dentro, encontrou uma chave de prata.
Rex
tentou abrir a fechadura do lado direito do portão. Introduziu a chave e
deu-lhe volta. Ouviu o ruído característico de fechadura que se abre mas... o
portão não se abriu. Conclui então que estava na fechadura errada e foi para a
outra, sobre a qual se lia a palavra "TENTE".
Subitamente,
Zendah exclamou:
-"Olhe!
É uma das palavras que havia no portão do Capricórnio!"
Tirando
do seu bolso a chave de chumbo que havia achado naquela Terra, ela introduziu-a
na fechadura da esquerda e viu que servia.
De
repetente o portão parou de mover-se, com o crescente lunar na parte superior,
e os meninos então puderam ler as palavras que não conseguiram ler enquanto ele
se movia.
Lá
estava escrito:
-"Para
Leste ou para Oeste, o Lar é melhor!".
Ao
longe ouviram uma voz dizendo:
-"Queridos
meninos sabem a senha?".
Ouvindo
isso os meninos ficaram espantados pois reconheceram a voz de sua mãe. Mas
responderam:
-“Paciência”.
Mais
surpreendidos ainda ficaram quando o caranguejo desprendendo-se dom portão e
batendo suas tenazes mostrou-lhes o caminho no lugar que ele ocupava. Depois
que os meninos pularam, o caranguejo voltou ao seu lugar e disse:
-“Torna
a girar, ó círculo da lua noturna!”.
Querendo
ver o que sucedia, os meninos olharam para trás e viram recomeçar a dança do
caranguejo e da lua.
Não
viram ninguém na entrada dessa Terra. Era noite e havia muito nevoeiro e
espantados, ouriram murmurarem:
-“Sim
é”.
-“Não,
vai primeiro e vê.”
-“Não
há pressa”.
Aos
poucos seus olhos se acostumaram à névoa e viram à sua frente um caminho que
seguia por uma floresta de grandes árvores; pequenos riachos faziam ruído ao
passarem sobre as pedras, como uma miniatura de uma cachoeira. Uma grande Lua
amarelada surgiu aos poucos por trás das árvores e afinal eles puderam distinguir
as coisas como se estivessem iluminadas pela luz do dia. As vozes se
aproximavam. Zendah virou-se para Rex e disse baixinho:
-“Estou
certa de ter visto algumas crianças escondidas atrás das árvores”.
Sim,
elas estavam. Um rosto brejeiro apareceu por trás de um ronco desaparecendo em
seguida. O mesmo aconteceu com outros.
Rex
impacientou-se.
-“Saiam
e sejamos amigos”, gritou ele. – “Não tenham medo pois não lhes faremos mal.
Em
um ou dois minutos, estavam cercados de inúmeras crianças, algumas vestidas com
roupas que brilhavam como prata e outras com roupas verdes ou violetas. Quase
todas eram pálidas, de cabelos brancos e moviam-se muito devagar. O chefe, uma menina,
disse a Zendah:
-“Desculpem
por sermos tão lentos. Temos tão poucas visitas aqui e não sabíamos que eram
vocês. Somos muitos medrosos até conhecermos bem as pessoas”.
Dando-se
as mãos, foram pelo caminho até onde havia duas grandes pedras suportando uma
terceira, tão grande que Rex ficou espantado, pensando que teria tido tanta
força para colocá-la onde estavam.
Todos
dançaram em torno das pedras, cantando linda canção que dizia algo acerca do
sagrado fogo da lareira , conforme pareceu a Rex e Zendah.
Os
dois estavam tão interessados em descobrir o que é que eles cantavam que não
perceberam a chegada de uma figura alta que permaneceu sorrindo no meio do
círculo, observando os arredores. Subitamente repararam naquela figura e
atravessando a roda, penduraram-se no pescoço da senhora, exclamando:
-“Mamãe,
mamãe, como veio até aqui! Jamais pensamos encontrá-la aqui entre as
estrelas!”.
As
outras crianças olharam atônitas. – “É sua mãe?”, perguntaram as crianças. “Ela
vem aqui todas as noites contar-nos histórias”.
Mamãe
balançou a cabeça. – “Sim esta é a minha terra, como a Terra do Arqueiro é a
sua Zendah, mas vocês devem ficar muito quietinhos porque esta noite é uma
noite especial. É a noite de São João e todas as fadas se reúnem para sua festa
que principia antes da Lua Cheia”.
Muito
quietos, nas pontas dos pés, todos se dirigiram para uma moita de salgueiro
onde havia um gramado. Sentaram-se por trás de seus arbustos.
Ouviram
uma nota clara, límpida, tocada pelos clarins da fada e logo quatro morcegos
passaram voando à luz do luar, cada um conduzindo uma pequena fada às costas.
Voando em círculos, baixaram até que as fadas puderam pular para o chão. Depois
que as fadas desceram, os morcegos foram se dependurar nas árvores próximas,
usando para isso os ganchos que possuem nas asas.
De
um botão de rosa silvestre, um pequeno pássaro castanho iniciou um belo cântico
cheio de trinados. Ao som dessa música as quatro fadas puseram-se a dançar
agitando suas varinhas mágicas. Por onde as varinhas passavam nasciam centenas
de cogumelos e de fungos. Ouviram-se novamente os clarins das fadas e as
árvores se afastaram abrindo uma clareira onde ninfas verdes e marrons se
assentaram sobre a grama embaixo das árvores.
Aproximando-se,
viam-se ao longe centenas de fadas tendo à sua frente a Rainha Titânia e o Rei
Oberam precedidos por estranha procissão de caranguejo e de guaiamus,
caminhando sobre suas patinhas traseiras. Quando todos entraram na clareira,
sentaram-se. As quatro fadas menores ficaram ao centro e tocaram estranhos
instrumentos musicais feitos de conchas e caramujos, com cordas de teia de
aranha. Rex e Zendah estavam certos de já terem ouvido antes essa música quando
estiveram no bosque perto de sua casa, mas nessa ocasião não sabiam que era a
música das fadas. Tinham de prestar muita atenção às fadas que dançavam ao som
daquela estranha música, pois não conservavam a mesma figura por mais de dois
minutos seguidos; às vezes eram grandes, outras vezes menores; às vezes pareciam-se
com flores, outras vezes com caranguejos.
No
fundo da clareira havia um banco de musgos. De cada lado do banco cresciam
botões de rosas brancas e centenas de margaridas. Defronte do banco havia um
pequeno lago onde cresciam violetas aquáticas e lírios brancos.
De
madrugada a Lua surgiu por trás dos salgueiros, à esquerda do lago. Subiu aos
poucos até que parou exatamente por cima do lago, refletindo-se nas suas águas.
Nesse preciso instante, parecia que a Lua soltava raios que batiam na água e voltavam, tecendo
um gigantesco véu de luar mostrando todas as cores do arco-íris, só que mais pálidas,
com menos brilho do que quando se vê durante o dia.
Quando
ficou pronto, apareceu um oval de espessa névoa no centro. Aos poucos o oval
foi se tornando maior qté que apareceu linda mulher com uma coroa de prata., em
pé sobre a superfície do lago. Tinha cabelos da cor da bungavília e olhos azuis
claros. Todas as fadas voltaram-se para ela e quando ela subiu no banco de
musgos cantaram linda canção de saudação:
Salve
a senhora Lua!
Salve
a Rainha da noite!
Se
a Lua e Câncer (caranguejo) aparecem juntos
As
fadas a saúdam!
Com
voz que mais parecia um murmúrio de brisa de verão passando pelas árvores, o
espírito da Lua falou:
-“Salve,
filhos dos bosques, das árvores e dos arroios! Passaram bem desde o nosso
último encontro? Têm algo a pedir?”.
-“Tudo
bem grande Rainha”, responderam inúmeras vozes. A Rainha continuou; - “Aparecem,
crianças humanas, vocês viram minha terra; agora venham receber os presentes de
recordação que temos para dar àqueles que nos visitam”.
Muito
espantados, por não saberem que estavam sendo vistos, Rex e Zendah vieram para
a Luz do Luar, segurando as mãos de sua mãe.
-“Não
preciso lembrar-lhes, pois vocês tem em casa uma excelente mestra”, disse a Lua
sorrindo, “o que esta Terra significa
para todos os que amam o lar, mas lembrem-se que bondade e paciência o torna
muito mais bonito, portanto, dou a você, Rex, uma couraça de prata para que
você proteja os mais fracos; e lembre-se que a semente mais doce é encontrada
dentro da mais dura casca.
“Para você, Zendah eu dou um conjunto de
pulseiras de prata com várias pedras-da-lua. Uma vez a cada ano, você poderá
encontrar-se com as fadas e aprender o que elas e a Lua podem lhe
ensinar".
Agitando
sua varinha de prata, um grande caranguejo nas cores verde e roxo se curvou na
frente deles e lhes mostrou uma pequena carruagem, desenhada por gatos
brancos. O tamanho da carruagem era
suficiente apenas para os dois.
A
mãe de Rex e Zendah beijou-os e sussurrou: “Eu estarei sempre com vocês”, e
eles voltaram para a entrada. Mais uma vez, o portão parou de girar e o
caranguejo de prata desceu da Lua crescente a fim de que eles pudessem passar.
Assim
que eles estavam se preparando para saltar ouviram uma alegre risada que os
cumprimentou. Era o rei Júpiter entrando:
-“Então
vocês acabaram de visitar a Terra do Caranguejo”, disse Júpiter. “Eu estou um
pouco atrasado, mas eu verei o último dos deleites”. E, parando em um dos
lados, Júpiter acenou para Rex e Zendah enquanto estes atravessavam o portão.
O
caranguejo voltou à sua posição de segurar a Lua crescente e o portão começou a
girar novamente.
“Quem
imaginou que veríamos mamãe na Terra do Caranguejo?” disse Zendah. “Será que
ela vai se lembrar quando chegarmos em casa?”
-“Eu
imagino que sim”, respondeu Rex. “ela sempre parece lembrar-se de tudo”.
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