20/04/2017

AS AVENTURAS DE REX E ZENDAH NO ZODÍACO (Câncer)

Rex e Zenda no Zodíaco - Na Terra do Caranguejo(Câncer)
Imagem da revista "Rays from the Rose Cross", editada por Rosacruz e Devoção

Original de Esme Swajnson

Rex e Zenda sentaram-se para recobrar o fôlego depois de sua súbita saída da Terra do Leão.

Se vocês não estão habituados aos terremotos, eles lhes tirarão o fôlego, embora, como no caso que vimos eles contribuam para economizar o tempo. Poucos minutos depois os meninos levantaram-se, começaram a procura do portão do Caranguejo. Primeiramente tiveram que esfregar bem os olhos porque não podiam distinguir onde estava o portão por causa do nevoeiro.

Era como se procurasse ver o monte que além do quintal de sua casa em manhã enevoada.

Mas, na medida em que acomodavam a vista, a névoa foi-se dissipando e eles viram um portão de prata, brilhante. No centro do portão, um gigantesco caranguejo sustinha entre suas tenazes uma lua crescente que brilhava como a própria lua. Na carapaça do caranguejo havia dois sinais, como notas de músicas, lado a lado.



Em torno do portão havia palavras escritas, difíceis de ler porque o portão girava sem parar. Num determinado momento, o crescente lunar estava na parte superior do portão, para pouco tempo depois aparecer na parte inferior. No lugar das dobradiças, existiam estranhas peças de prata parecidas com as tenazes do caranguejo. Havia um sulco nas tenazes, onde o portão estava encaixado e onde deslizava, girando, girando... Em cada metade do portão havia uma fechadura e os meninos ficaram embaraçados, sem saber qual das duas servia para abri-lo, mesmo porque eles ainda não possuíam a chave.

Zendah foi a primeira a ver uma portinha num dos pilares, esculpida em formato de caranguejo: tocando-a com seus dedos, ela abriu-se. Dentro, encontrou uma chave de prata.

Rex tentou abrir a fechadura do lado direito do portão. Introduziu a chave e deu-lhe volta. Ouviu o ruído característico de fechadura que se abre mas... o portão não se abriu. Conclui então que estava na fechadura errada e foi para a outra, sobre a qual se lia a palavra "TENTE".

Subitamente, Zendah exclamou:
-"Olhe! É uma das palavras que havia no portão do Capricórnio!"

Tirando do seu bolso a chave de chumbo que havia achado naquela Terra, ela introduziu-a na fechadura da esquerda e viu que servia.

De repetente o portão parou de mover-se, com o crescente lunar na parte superior, e os meninos então puderam ler as palavras que não conseguiram ler enquanto ele se movia.

Lá estava escrito:
-"Para Leste ou para Oeste, o Lar é melhor!".

Ao longe ouviram uma voz dizendo:
-"Queridos meninos sabem a senha?".

Ouvindo isso os meninos ficaram espantados pois reconheceram a voz de sua mãe. Mas responderam:
-“Paciência”.

Mais surpreendidos ainda ficaram quando o caranguejo desprendendo-se dom portão e batendo suas tenazes mostrou-lhes o caminho no lugar que ele ocupava. Depois que os meninos pularam, o caranguejo voltou ao seu lugar e disse:
-“Torna a girar, ó círculo da lua noturna!”.
Querendo ver o que sucedia, os meninos olharam para trás e viram recomeçar a dança do caranguejo e da lua.

Não viram ninguém na entrada dessa Terra. Era noite e havia muito nevoeiro e espantados, ouriram murmurarem:
-“Sim é”.
-“Não, vai primeiro e vê.”
-“Não há pressa”.

Aos poucos seus olhos se acostumaram à névoa e viram à sua frente um caminho que seguia por uma floresta de grandes árvores; pequenos riachos faziam ruído ao passarem sobre as pedras, como uma miniatura de uma cachoeira. Uma grande Lua amarelada surgiu aos poucos por trás das árvores e afinal eles puderam distinguir as coisas como se estivessem iluminadas pela luz do dia. As vozes se aproximavam. Zendah virou-se para Rex e disse baixinho:
-“Estou certa de ter visto algumas crianças escondidas atrás das árvores”.

Sim, elas estavam. Um rosto brejeiro apareceu por trás de um ronco desaparecendo em seguida. O mesmo aconteceu com outros.

Rex impacientou-se.
-“Saiam e sejamos amigos”, gritou ele. – “Não tenham medo pois não lhes faremos mal.

Em um ou dois minutos, estavam cercados de inúmeras crianças, algumas vestidas com roupas que brilhavam como prata e outras com roupas verdes ou violetas. Quase todas eram pálidas, de cabelos brancos e moviam-se muito devagar. O chefe, uma menina, disse a Zendah:
-“Desculpem por sermos tão lentos. Temos tão poucas visitas aqui e não sabíamos que eram vocês. Somos muitos medrosos até conhecermos bem as pessoas”.

Dando-se as mãos, foram pelo caminho até onde havia duas grandes pedras suportando uma terceira, tão grande que Rex ficou espantado, pensando que teria tido tanta força para colocá-la onde estavam.

Todos dançaram em torno das pedras, cantando linda canção que dizia algo acerca do sagrado fogo da lareira , conforme pareceu a Rex e Zendah.

Os dois estavam tão interessados em descobrir o que é que eles cantavam que não perceberam a chegada de uma figura alta que permaneceu sorrindo no meio do círculo, observando os arredores. Subitamente repararam naquela figura e atravessando a roda, penduraram-se no pescoço da senhora, exclamando:
-“Mamãe, mamãe, como veio até aqui! Jamais pensamos encontrá-la aqui entre as estrelas!”.

As outras crianças olharam atônitas. – “É sua mãe?”, perguntaram as crianças. “Ela vem aqui todas as noites contar-nos histórias”.

Mamãe balançou a cabeça. – “Sim esta é a minha terra, como a Terra do Arqueiro é a sua Zendah, mas vocês devem ficar muito quietinhos porque esta noite é uma noite especial. É a noite de São João e todas as fadas se reúnem para sua festa que principia antes da Lua Cheia”.

Muito quietos, nas pontas dos pés, todos se dirigiram para uma moita de salgueiro onde havia um gramado. Sentaram-se por trás de seus arbustos.

Ouviram uma nota clara, límpida, tocada pelos clarins da fada e logo quatro morcegos passaram voando à luz do luar, cada um conduzindo uma pequena fada às costas. Voando em círculos, baixaram até que as fadas puderam pular para o chão. Depois que as fadas desceram, os morcegos foram se dependurar nas árvores próximas, usando para isso os ganchos que possuem nas asas.

De um botão de rosa silvestre, um pequeno pássaro castanho iniciou um belo cântico cheio de trinados. Ao som dessa música as quatro fadas puseram-se a dançar agitando suas varinhas mágicas. Por onde as varinhas passavam nasciam centenas de cogumelos e de fungos. Ouviram-se novamente os clarins das fadas e as árvores se afastaram abrindo uma clareira onde ninfas verdes e marrons se assentaram sobre a grama embaixo das árvores.

Aproximando-se, viam-se ao longe centenas de fadas tendo à sua frente a Rainha Titânia e o Rei Oberam precedidos por estranha procissão de caranguejo e de guaiamus, caminhando sobre suas patinhas traseiras. Quando todos entraram na clareira, sentaram-se. As quatro fadas menores ficaram ao centro e tocaram estranhos instrumentos musicais feitos de conchas e caramujos, com cordas de teia de aranha. Rex e Zendah estavam certos de já terem ouvido antes essa música quando estiveram no bosque perto de sua casa, mas nessa ocasião não sabiam que era a música das fadas. Tinham de prestar muita atenção às fadas que dançavam ao som daquela estranha música, pois não conservavam a mesma figura por mais de dois minutos seguidos; às vezes eram grandes, outras vezes menores; às vezes pareciam-se com flores, outras vezes com caranguejos.

No fundo da clareira havia um banco de musgos. De cada lado do banco cresciam botões de rosas brancas e centenas de margaridas. Defronte do banco havia um pequeno lago onde cresciam violetas aquáticas e lírios brancos.

De madrugada a Lua surgiu por trás dos salgueiros, à esquerda do lago. Subiu aos poucos até que parou exatamente por cima do lago, refletindo-se nas suas águas. Nesse preciso instante, parecia que a Lua soltava  raios que batiam na água e voltavam, tecendo um gigantesco véu de luar mostrando todas as cores do arco-íris, só que mais pálidas, com menos brilho do que quando se vê durante o dia.

Quando ficou pronto, apareceu um oval de espessa névoa no centro. Aos poucos o oval foi se tornando maior qté que apareceu linda mulher com uma coroa de prata., em pé sobre a superfície do lago. Tinha cabelos da cor da bungavília e olhos azuis claros. Todas as fadas voltaram-se para ela e quando ela subiu no banco de musgos cantaram linda canção de saudação:

Salve a senhora Lua!
Salve a Rainha da noite!
Se a Lua e Câncer (caranguejo) aparecem juntos
As fadas a saúdam!


Com voz que mais parecia um murmúrio de brisa de verão passando pelas árvores, o espírito da Lua falou:
-“Salve, filhos dos bosques, das árvores e dos arroios! Passaram bem desde o nosso último encontro? Têm algo a pedir?”.

-“Tudo bem grande Rainha”, responderam inúmeras vozes. A Rainha continuou; - “Aparecem, crianças humanas, vocês viram minha terra; agora venham receber os presentes de recordação que temos para dar àqueles que nos visitam”.

Muito espantados, por não saberem que estavam sendo vistos, Rex e Zendah vieram para a Luz do Luar, segurando as mãos de sua mãe.
-“Não preciso lembrar-lhes, pois vocês tem em casa uma excelente mestra”, disse a Lua sorrindo, “o que esta  Terra significa para todos os que amam o lar, mas lembrem-se que bondade e paciência o torna muito mais bonito, portanto, dou a você, Rex, uma couraça de prata para que você proteja os mais fracos; e lembre-se que a semente mais doce é encontrada dentro da mais dura casca.

“Para você, Zendah eu dou um conjunto de pulseiras de prata com várias pedras-da-lua. Uma vez a cada ano, você poderá encontrar-se com as fadas e aprender o que elas e a Lua podem lhe ensinar".

Agitando sua varinha de prata, um grande caranguejo nas cores verde e roxo se curvou na frente deles e lhes mostrou uma pequena carruagem, desenhada por gatos brancos.  O tamanho da carruagem era suficiente apenas para os dois.

A mãe de Rex e Zendah beijou-os e sussurrou: “Eu estarei sempre com vocês”, e eles voltaram para a entrada. Mais uma vez, o portão parou de girar e o caranguejo de prata desceu da Lua crescente a fim de que eles pudessem passar.

Assim que eles estavam se preparando para saltar ouviram uma alegre risada que os cumprimentou. Era o rei Júpiter entrando:
-“Então vocês acabaram de visitar a Terra do Caranguejo”, disse Júpiter. “Eu estou um pouco atrasado, mas eu verei o último dos deleites”. E, parando em um dos lados, Júpiter acenou para Rex e Zendah enquanto estes atravessavam o portão.


O caranguejo voltou à sua posição de segurar a Lua crescente e o portão começou a girar novamente.

“Quem imaginou que veríamos mamãe na Terra do Caranguejo?” disse Zendah. “Será que ela vai se lembrar quando chegarmos em casa?”
-“Eu imagino que sim”, respondeu Rex. “ela sempre parece lembrar-se de tudo”.



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