1-TOURO: HARMONIA
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—Bruce, Don, venham aqui, chamou a
mãe. Eu quero falar com vocês. Eles desceram devagar, adivinhando porque a mãe
os estava chamando. Ela e o pai se preocupavam tanto com suas brigas, mas eles
até que se divertiam. Preocupados, eles sentaram-se na beirada das cadeiras,
ansiosos por dar o fora, enquanto a mãe perguntou:
—O que foi desta vez?
— Oh, nada, mãe, disse Don,
confuso.
— Quer dizer que foi por uma coisa
tão boba que você nem quer me contar, não é? Perguntou a mãe.
— Acho que sim, foi a resposta
hesitante. Por que você e o papai se preocupam tanto com nossas brigas? Nós não
perturbamos vocês.
— Não mesmo? Perguntou suavemente a
mãe. Lembram-se do concerto que assistimos a semana passada? Até vocês
gostaram. Eles concordaram. Agora me digam, exatamente, por que vocês gostaram
tanto da música?
— Bem — ela soava boa, disse Bruce
depois de uma pausa.
—Teria sido assim tão boa se os pistonistas
e os violonistas estivessem tocando uma melodia diferente da que estava sendo
executada pelo resto da orquestra, ou só tocassem quando e como eles quisessem
em vez de, obedecer ao maestro? Continuou a mãe.
—Claro que não, respondeu Bruce.
—Então, o que os músicos devem
fazer antes que, uma orquestra possa tocar peças que soem boas?
Bruce e Don se entreolharam,
achando que a conversa estava se tornando muito infantil e imaginando onde a
mãe queria chegar.
—Bem, acho que eles precisam tocar juntos, disse Don. Se eles não o fizerem, então a música também não estará combinando.
—O professor fica louco, e algumas
vezes nós também ficamos, disse Don.
—E os outros conseguem aprender as
lições quando isso acontece? Perguntou a mãe.
Os rapazes abanaram as cabeças.
—E o que vocês acham que acontece
quando alguém no escritório do papai se recusa a cooperar com os outros ou a
fazer o seu trabalho?
—Com certeza será despedido, disse
Bruce.
—Claro, se isso durar muito. Bem, eu não posse despedir vocês, a mãe
continuou e os garotos sorriram embaraçados, mas com certeza eu não posso fazer
o meu trabalho com tranquilidade, nem o papai, quando vocês estão no meio de
uma discussão. Quando vocês brigam, ou lutam, ou o que quer que vocês chamem a
isso, vocês estão perturbando a harmonia da nossa casa e, pelo fato da harmonia
estar perturbada, as pessoas da casa ficam perturbadas e a vida não é tão
agradável como seria se houvesse harmonia.
Os rapazes ficaram em silêncio por
algum tempo. Por fim, Bruce disse:
—Acho que nós nunca pensamos nisso
deste modo. De vez em quando, você e o papai também discutem —mas nunca como
Don e eu, acrescentou depressa, e nós sempre nos sentimos mal quando vocês discutem.
Deve ser por causa disso.
—Mas nós nunca pensamos que quando
nós estamos brigando isso pudesse fazer vocês se sentirem assim, acrescentou
Don. Acho que nós também somos parte da música nesta casa.
—Vocês são mesmo, sorriu a mãe,
muito mesmo. Vocês dois são tão importantes nesta família como qualquer de nós,
e o que vocês fazem ou como vocês agem, nos afeta a todos.
— Muito bem, companheiro, Bruce
disse para Don, vamos tentar ser mais harmoniosos? Eu não vou mais desafinar se
você também não sair do tom.
— Concordo, disse Don e rindo, os
rapazes trocaram um aperto de mãos.
— Minha senhora, disse Don, ainda
rindo para a mãe, a sua orquestra vai ser bem mais afinada daqui por diante.
Acho até que você deve começar a cobrar para os concertos.
A mãe sorriu, olhando seus filhos
subirem a escada, pela zombaria bem-humorada deles, bem diferente das palavras
ofensivas que usaram na sua última briga.
— Por que eu não pensei nisto antes, disse para si mesmo. Eu tive sempre a certeza que, bem lá no fundo, esses rapazes eram muito amigos um do outro. Vai ser maravilhoso ter uma prova disso, de hoje em diante.
Fim
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