19/09/2023

O Eco que Felipe Ouviu


Felipe ficou alegre quando seus pais se mudaram para a fazenda. Um belo dia, estando ali a brincar no campo, exclamou com toda a força dos pulmões: “Hurra,Hurra”.

Ouviu em seguida, num mato próximo, uma voz exclamar também: “Hurra, Hurra”.

O menino assustou-se muito. Gritou logo:“Quem é você?”

A voz desconhecida replicou:“Quem é você?”

Irritado tornou: “Você é louco!”

“Você é louco!” ressoou o mato.

Então Felipe ficou mais zangado ainda, e com mais força começou a dirigir insultos ao mato, os quais foram todos fielmente repetidos pelo eco. Afinal o homenzinho foi ao mato em procura do imaginado menino, mas naturalmente a ninguém pode encontrar.

Enfurecido, Felipe correu para a casa, e queixou-se à mamãe do menino malcriado, que se havia escondido no mato, dirigindo-lhe toda sorte de nomes feios, muito feios.

Respondeu-lhe a mãe: “Desta vez, meu filho, você se enganou muito porque se acusou a si mesmo como menino tão mau. Você não ouviu nada mais que suas próprias palavras. Assim como tem visto muitas vezes seu rosto refletido na água, também agora ouviu o eco de sua voz. Se tivesse falado de maneira agradável, filhinho querido, essas mesmas palavras lhe seriam repetidas.”

Felipe sentiu-se muito envergonhado por estas palavras de sua mãe, e saiu correndo de casa, até chegar perto do mato. Começou logo a proferir palavras amáveis, as quais foram devolvidas fielmente pelo eco, como antes o foram os nomes feios.

É sempre o mesmo; o que nós pensamos ser mal no comportamento de outras pessoas, é muitas vezes só o eco ou repetição de nossas próprias ações. Se tratarmos amavelmente a todas as pessoas (e também aos animais), seremos tratados de modo igual, mas se formos rudes e grosseiros, não poderemos esperar coisa melhor em troco, como recompensa de nosso comportamento reprovável.

publicado na revista Serviço Rosacruz, janeiro, 1967

03/06/2023

O LAR AQUARIANO

Na Idade de Aquário desabrocharão faculdades extraordinárias, psíquicas e mentais, devendo predominar a intuição, o sentimento de fraternidade, a compaixão, a clarividência...

Quando se comenta a precocidade de determinadas crianças é comum dizer-se que "nasceram antes da época". Na realidade apenas expressam, agora, certas qualidades que caracterizarão ou farão parte do cotidiano nos tempos futuros. 

Por outro lado, pergunta-se, frequentemente, qual a razão de os chama- das "crianças
prodígios"
, quando adultos, via de regra manifestarem uma decepcionante mentalidade? Talvez encontremos a resposta ou respostas, dentro do próprio lar onde viveu e cresceu aquele ser.

Uma educação equivocada quase sempre é a causa desse aparente retrocesso. Os pais, no afã egoísta ou megalomaníaco de ver seus filhos "brilharem" e sobrepujarem as outras crianças da mesma faixa etária, forçam-nos a seguir cursos e estudos próprios dos adultos, sobrecarregando-os em demasia. Daí o enorme desgaste nervoso e mental de um corpo desprovido de reservas suficientes e de cujo esforço se ressentirá pela vida afora. Há como que uma indigestão mental ou embotamento intelectual provocado pela saturação. Os pais devem conscientizar-se de que estas crianças devem ser entregues ao seu natural pendor em relação à aprendizagem e aquisição de conhecimentos.

Examinando a questão à luz dos ensinamentos rosacruzes depreende-se muita coisa.

Encontramo-nos já dentro da órbita de influência de Aquário. A medida em que avançamos na evolução e nos aproximamos da nova Idade, a precocidade tanto no aspecto físico como no intelectual tornar-se-á mais frequente.

Na Idade de Aquário desabrocharão faculdades extraordinárias, psíquicas e mentais, devendo predominar a intuição, o sentimento de fraternidade, a compaixão etc. A clarividência, por exemplo, será um estado normal de visão, abrindo-se, em razão dela, perspectivas ora inimagináveis para a medicina e cirurgia, e para a investigação científica de um modo geral.

Percebe-se, amiúde, crianças e principalmente adolescentes, dotadas de qualidades excepcionais, sentirem-se deslocadas em seus próprios lares. Incompreendidas, acabam por tornar-se revoltadas ou inibidas, atrofiando-se, desta forma, potencialidades incomuns. Isso ocorre, porque geralmente os pais ignoram os princípios espirituais da educação. Empenham-se em educar exatamente como foram educados, sem entender que a vida é um verdadeiro caleidoscópio, girando a cada instante, fazendo sobressair renova- das e inusitadas facetas em todos os campos de atividade humana. Um princípio educacional considerado até revolucionário há quinze anos atrás, hoje pode estar até superado. O lar é a base da educação infantil. Ele é o centro onde se sedimentam os verdadeiros traços de qualquer pessoa. Portanto, os pais não devem esquecer-se de que sua função primordial é imprimir à vivência infantil uma orientação perfeitamente compatível com suas melhores tendências genotípicas, consoante métodos adequados da moderna psicopedagogia. Toda limitação ou restrição à atividade infantil é perniciosa: o que importa não é contrariar a natureza, mas favorecer o que nela há de bom e belo.

Uma educação científico-espiritualista e hoje não se pode educar conscientemente de outra forma exige dos pais e educadores conhecimentos e experiências de vida de tal monta que, pelo menos em certa extensão deverão estar afinados com os ideais aquarianos. Não há outro caminho capaz de estimular a floração de uma individualidade integral. E o homem do futuro será o "homem integral", desenvolvido em todos os aspectos
.

Editorial da revista Serviço Rosacruz, junho de 1982

22/12/2022

SÍMBOLOS NATALINOS (Papai Noel e São Nicolau)


A figura simpática, sempre esperada, de
Papai Noel ou São Nicolau (conforme a tradição) está ligada a Júpiter, governante de Sagitário. É alto, forte, rosado, risonho, dadivoso as características físicas e internas de Júpiter, governante de Sagitário, que precede e anuncia o Natal.

Do ponto de vista cósmico, é o que anuncia o presente do céu: o Cristo do Ano Novo a vida que vem dar novo alento à Terra, na noite mais longa e escura do ano (no Hemisfério Norte). Quando o inverno se abate, instalando a morte e desolação (nos países do Norte, onde se originaram as tradições), o Cristo é a promessa da nova primavera, com suas flores, com a beleza de cores e perfumes, com as sementes que se converterão em alimento, para que a humanidade não pereça.

Do ponto de vista coletivo, Cristo é o presente celeste, confortando-nos pelo novo impulso de altruísmo e luz que dá ao Globo, para assegurar-nos a evolução e livrar-nos da "queda". É um eterno presente, já que Ele voluntariamente se encadeou à cruz do mundo, até que sejamos salvos: "Estarei convosco até a consumação dos séculos".

Do ponto de vista individual, é a promessa do fruto espiritual, já que todos somos "Cristos em formação" e Ele é o modelo, o Irmão Maior que todos devemos realizar, a nosso modo, internamente. É o convite de um natal interno, pela religação consciente com o Eu verdadeiro e superior.

Assim, de modo geral, os presentes natalinos e o coração generoso que os oferece, representam as dádivas divinas em todos os sentidos, já que "Deus é Amor". É o Espírito de Natal expresso em todos os minutos do ano, mas que assumiu sua mais significativa expressão pela vinda do Cristo, o excelso Presente.


Publicado na revista Serviço ROSACRUZ, dezembro de 1976

06/11/2022

A GRATIDÃO

Nota da Edição: Esta história, que serviu de tema para o filme "Of Human Hearts", (Ingratidão no Brasil) de1938 é um belo exemplo da ignorância humana com relação à necessidade de sermos gratos. 

Durante o mês de novembro do segundo ano da grande guerra de secessão, renhida entre os estados do sul e os do norte dos Estados Unidos, com vistas à abolição da escravatura, encontrava-se certo jovem médico afeto a um hospital de sangue próximo da capital do país, Washington. Certa manhã chuvosa, ao dirigir-se à cama de um ferido, aproximou-se dele um ordenança e o deteve.

_ O senhor é o Dr. Jason Wilkins? perguntou-lhe.

_ Sim, senhor.

_ Lamento, doutor, mas tenho que prendê-lo e levá-lo a Washington.

Jason olhou para o ordenança com ar de desprezo, e lhe disse:

_ O senhor está equivocado, amigo.

O soldado puxou do bolso de sua farda um envelope pesado e o entregou a Jason. Este o abriu com certo temor, e leu:

"Mostre isto ao médico Jason Wilkins do regimento N.°... Prenda-o, e o traga à minha presença. --A. Lincoln."

Jason empalideceu.

_ Que está acontecendo? perguntou ao ordenança.

_ Não perguntei ao presidente, respondeu o soldado secamente. Sigamos imediatamente, por favor, doutor.

Assustado, Jason seguiu para Washington. Recapitulou todas as pequeninas contravenções que havia cometido.

Ao chegar ao destino, foi encerrado numa pensão por uma noite. No dia seguinte, às doze horas. O ordenança o levou à Casa Branca. Depois de uma hora de espera, apareceu um homem por uma das portas da audiência do presidente, e chamou:

_ Dr. Jason Wilkins!

_ Presente, respondeu Wilkins.

_ Por aqui!

E Wilkins, após segui-lo, encontrou-se em uma sala cuja porta se fechou atrás dele. Não havia na sala senão um homem: era Lincoln. Sentado diante de sua escrivaninha, fixou os escuros olhos no rosto de Wilkins - um rosto belo e jovem, apesar do tremor dos joelhos.

_ É você Jason Wilkins?

_ Sim. Excelência, respondeu o jovem médico.

_ De onde é você?

_ De High Hill, Estado de Ohio.

_ Tem parentes?

_ Somente a minha mãe é viva.

_ Sim, somente sua mãe! Bem, jovem, como está sua mãe?

_ Bem... bem... não sei, balbuciou Wilkins.

_ Não sabe! repetiu Lincoln. E por que não sabe? Está morta ou viva?

_ Não sei, disse o médico. Para dizer a verdade, faz tempo que não lhe escrevo, e creio que ela não saiba onde estou.

O Sr. Lincoln esmurrou com seus grandes punhos a escrivaninha e seus olhos dardejaram sobre Jason Wilkins.

Recebi uma carta dela. Supõe que você já morreu, e me pede que faça investigação quanto a sua sepultura. Ela não presta? É de má origem? Responda-me cavalheiro! O médico endireitou-se um pouco e disse.

_ É a melhor mulher que já viveu até agora, Excelência.

_ Não obstante, você não tem motivos para gratidão! Como conseguiu você estudar para médico? Quem lhe pagou as despesas? Seu pai?

_ Não, Excelência, respondeu Wilkins enrubescido; meu pai era pregador metodista pobre. Minha mãe conseguiu o dinheiro, embora eu trabalhasse para pagar quase todas as minhas despesas com pensão.

_ Bem, e como conseguiu ela o dinheiro?

Os lábios de Wilkins se enrijeceram.

_Vendendo seus objetos. Excelência.

_ Que objetos?

_ Principalmente coisas antigas; sem valor a não ser para os museus.

_ Pobre louco! disse Lincoln.. Os tesouros de seu lar... vendidos um após outro... para você.

De repente, o presidente levantou se e apontando com o grande indicador para a escrivaninha, disse:

_ Venha cá; sente-se e escreva uma carta a sua mãe.

Wilkins aproximou-se em obediência e sentou-se na cadeira do presidente. Tomou de uma pena e escreveu uma pequena carta a sua mãe.

Coloque-lhe endereço e me a dê, disse-lhe o presidente; e acrescentou, levantando um pouco a voz:

_ E agora Wilkins, enquanto estiver no exército, escreva a sua mãe uma vez por semana. Se tiver que repreendê-lo novamente por causa deste assunto, fá-lo-ei comparecer perante uma corte marcial.

Wilkins levantou-se, entregou a carta ao presidente e ficou aguardando ordens. Finalmente Lincoln se voltou para ele.

_ Meu filho, disse-lhe amavelmente, não há no mundo qualidade melhor do que a gratidão. Não pode um homem encerrar em seu coração nada mais desagradável e degradante do que a ingratidão. Mesmo o cão aprecia a bondade, e nunca esquece a palavra amável ou o osso que se lhe atira.

Lincoln fez novamente uma pausa e, em seguida, disse: Pode ir embora, meu filho.

É desnecessário dizer que o médico reconheceu a justiça das severas palavras do presidente e em seguida começou a corrigir para com sua mãe o aparente esquecimento em que a tivera antes.

publicado na Revista Serviço Rosacruz, abril,1967

11/08/2022

A ESTRELINHA: (Ensinando as Notas-chave dos planetas para as crianças)

Era uma vez uma 
estrelinha que estava muito, muito triste. Ela não se sentia bem de maneira alguma, e também não sabia o que havia com ela. Então chorou, chorou até que sua mamãe, que tinha muito o que fazer, afastou-se, dizendo-lhe:

- "Você está espalhando trevas por aí e isto vai estragar todo o meu serviço"; "aprenda a sua lição para quando eu voltar."

Assim, a estrelinha começou a pensar e pensar... "Eu quisera saber o que ela quis dizer com isso." Mas ela se entristecia cada vez mais. E nunca pensou em perguntar a alguém o que é que havia de errado com ela.

Era natural que se sentisse pior depois. As outras estrelinhas que estavam mais próximas pareciam virarem-lhe o rosto e se afastarem. Estava terrivelmente sozinha. Depois de sentir-se assim, por longo tempo, ela decidiu que seria melhor perguntar aos outros astros para lhe mostrarem como ser feliz.

- "O meu nome é Júpiter," falou-lhe o grande amigo. "Eu dou saúde, felicidade e o bastante àqueles que me deixam brilhar dentro dos seus corações "

-"Eu gostaria de saber como ele faz isso," disse a estrelinha consigo mesma. Depois dirigiu se a um outro astro e perguntou lhe qual era o seu nome.

- "Meu nome é Saturno," respondeu. "Quando as pessoas me estimam, torno-as constantes, firmes e verdadeiras. Se não desenvolverem estas qualidades, elas se tornam frias e infelizes."

Apreciaria saber o que ele quis dizer com isso," pensava a estrelinha” Depois foi falar com o Senhor Marte, ao qual chamou bem alto perguntando:

-"O que é que você faz para brilhar tanto?

"Ensino as pessoas a fazer coisas", respondeu Marte. "Quando elas não me consideram, ficam indiferentes, descuidadas".

-"E, o que faz você?" Perguntou a Vênus.

-"Ensino as pessoas a que se amem, respondeu Vênus “Não fosse por mim, elas se desviariam e ficariam perdidas pelo egoísmo".

Justamente naquele momento, a Lua, muito grande, apareceu por perto.

-"O que você faz?" perguntou lhe a estrelinha.

-"Eu forneço corpos às pessoas, de modo que elas vão aprendendo a encontrar suas próprias almas", disse lhe a Lua. "Você, por acaso, já encontrou a sua?" Depois afastou se de maneira majestosa!


- "E. quem é você?" Perguntou a estrelinha a alguém que se aproximava.


- "Eu sou Urano. Sou o desinteresse, isto é, a generosidade, a abnegação. Não interesseiro. Aqueles que me encontram, terão achado a si mesmos".

- "Você aí. Como é o seu nome, e o que é que você faz?" Interrogou a estrelinha a outro astro que estava passando por ela.

-"Eu sou Netuno. Sou o Amor Divino", respondeu lhe. "Aqueles que me encontram, acham a pérola de grande valor."

"Que interessante", disse a pequena estrela para si, "todos fazem um trabalho importante"! Ela abaixou a cabecinha de maneira desalentadora. E isto, como lhes falei no início, fez com que ela ficasse pior quase perdendo o brilho. Naquele momento, o Sol majestoso mostrou a sua cabeça além, no horizonte. Como sua última esperança ainda vacilante, a estrelinha chamou o:

-"Oh, Sol diga me o que posso eu fazer"?

Foi quando o grande Astro falou alto, em resposta à pergunta da estrela pequenina: - “Brilhe, estrelinha, brilhe, ou você morrerá "!

Naquele momento então, a estrelinha soltou um grande hálito, deu um formidável suspiro e... brilhou! E foi tão grande a luz que emitiu, que o Sol atirou-lhe um beijo, Júpiter saudou-a, curvando se e Saturno, Marte, Vênus e Mercúrio acenaram lhe as mãos. Também Urano e Netuno pareciam entrar diretamente, bem dentro do seu coração.


A minúscula estrela havia, finalmente, encontrado o seu trabalho; e cresceu tanto que, quando sua mamãe regressou, já estava tão crescida e ocupada quanto ela.


Do livro: Histórias Aquarianas para Crianças - tradução da Fraternidade Rosacruz - Sede Central do Brasil. Original de Olga White

12/12/2021

O PEQUENO PRÍNCIPE (Uma História de Natal)

Muito acima do topo das árvores e das nuvens fofas, sim, muito além do céu azul, há muito tempo atrás, habitava um Rei. Seu reino era muito extenso e seus habitantes eram tão felizes, que esse lugar era chamado o Reino da Felicidade. Doces acordes de música e delicadas cores do arco-íris flutuavam no ar nessa terra distante. Então, um dia pareceu que uma nota dissonante tinha soado. O Rei ouviu-a e o som murmurante da discórdia chegou mais perto. Assim, o Rei chamou um pequeno príncipe e disse:

— As crianças da Terra parecem não ter corações felizes e a luz do amor está se tornando escura. Alguém deve ir até essas crianças e levar-lhes uma nova luz de amor.

— Oh, Pai, deixe-me ir, disse o pequeno Príncipe. Isto agradou o Rei. Ele sabia que não seria tarefa fácil e disse:

— Você está pronto para ir, meu filho? Está escuro no Mundo da Terra e, às vezes, será difícil acender a luz do amor.

— Sim, Pai, eu estou pronto para ir quando você me enviar, disse o Príncipe. Então, o Rei chamou um de seus mensageiros do Reino da Felicidade e participou:

— Meu filho, o pequeno Príncipe, vai empreender urna longa jornada, em uma terra muito distante. Deixe tudo pronto para sua visita às crianças da Terra.

Os mensageiros do Rei conversaram entre si e logo grandes preparativos foram feitos para a partida do Príncipe.

Numa vila, no Mundo da Terra, morava uma jovem mulher muito linda. Ela morava numa pequena casa circundada por um jardim. Frequentemente, ela sentava-se no jardim e lia. Os passarinhos voavam ao redor dela e, algumas vezes, uma pomba branca pousava em seu ombro e arrulhava para ela. Maria era o nome da jovem mulher; ela tinha sempre maneiras gentis e um doce sorriso. Quando ela ia até à vila praticando ações bondosas, tornava muitas pessoas felizes e todos a amavam.

Nessa terra havia um rei que governava de um modo muito cruel. Ele realmente tornava seu povo infeliz. Seu reino era muito diferente do Reino da Felicidade.

Havia tantas pessoas infelizes e o coração de Maria entristecia-se. Ela não gostava de ver os outros sofrerem, queria que fossem felizes e corajosos. Havia uma história da qual Maria gostava particularmente e, por isso, lia-a repetidas vezes. Nela, o Rei do Reino da Felicidade prometia enviar o Príncipe da Paz para salvar as crianças da Terra. Maria muitas vezes conversava com o Rei, seu Pai Celestial e dizia-lhe que esperava a vinda do pequeno Príncipe. Um dia, após conversar com o Rei, sentiu-se muito feliz. Começou a cantar e seu coração sentiu-se muito leve e muito alegre. Ela pensou que pássaros cantavam mais docemente e até o Sol brilhava com mais intensidade. Parecia haver mais luz no jardim e, então, bem em frente dela, circundado das belas cores do arco-íris, apareceu um Anjo. O Anjo falou à Maria e disse-lhe que o seu Pai Celestial iria manter a Sua promessa para as crianças da Terra e enviaria à Maria, o Príncipe da Paz, para que ela O amasse e cuidasse d'Ele.

Vocês podem imaginar como a adorável Maria ficou feliz! À noite, quando seu marido chegou à casa, ela contou a visita do Anjo e José também ficou muito feliz. Assim, eles começaram a planejar a vinda do pequeno Príncipe.

Nos tempos antigos, as pessoas pagavam impostos, como também o fazem hoje. Uma tarde, José chegou à casa e disse: — Maria querida, precisamos ir a Belém pagar nossos impostos.

Então, ambos puseram-se a caminho. Maria viajava em um burrico e José caminhava ao seu lado. Estavam tão felizes com a vinda do pequeno Príncipe, que falavam todo o tempo sobre isso.

Depois de uma longa e cansativa jornada chegaram a Belém. José acomodou Maria o mais confortavelmente que pôde e depois foi procurar um quarto numa hospedaria. Ele tinha andado muito e quando voltou disse à Maria:

— Querida, não há nenhum quarto por aqui. Não há nada além do estábulo onde o gado é mantido. Mas é bonito e limpo.

E Maria disse:

— Está tudo bem, José querido, eu não me importo. Nós estaremos confortáveis e estou tão cansada que irei rapidamente dormir.

Assim, eles se dirigiram para o estábulo. As vacas mugiram como se estivessem dando-lhes as boas vindas, e seus olhos suaves e gentis pareciam mostrar prazer com a vinda de José e Maria.

Numa leve cama de capim fresco e cheiroso, Maria se instalou, sentindo-se feliz. Ela agradeceu a seu Pai Celestial pela Sua maravilhosa promessa e, então, dormiu.

No Reino da Felicidade, os Anjos estavam ocupados preparando o pequeno Príncipe para a jornada no Mudo da Terra. Um Anjo levantou-O gentilmente e O carregou, dizendo:

— Vá, linda criança, e leve uma mensagem de amor e felicidade para as crianças da Terra. A luz do amor está no seu olhar e nunca será ofuscada. A centelha de luz que brilha no seu coração se tornará cada vez mais intensa.

E o Rei estava feliz e disse:

— Meu Filho, você tem um grande trabalho a fazer para tornar mais brilhante a luz do amor, num mundo escurecido. Eu O abençoo, meu Filho.

Do Reino da Felicidade até a Terra formou-se uma ponte de amor e através dela o Anjo carregou o Príncipe celeste. Os Anjos Cantores e os Anjos de Luz o acompanhavam. Uma música angelical, doce e clara, se ouvia pelo ar. Logo todas as hostes celestiais davam louvores a Deus e cantavam:

— "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa vontade entre os homens."

Após chegar à Terra, a luz brilhante de uma linda Estrela guiou o Anjo à Maria. Quando o Anjo lhe entregou o pequeno Príncipe, ele disse:

— Guarde-O cuidadosamente, pois Ele é um presente de Deus.

Então, Maria e o Príncipe foram envolvidos por um grande brilho. Quando ela olhou em Seus olhos, ficou maravilhada com a luz de amor que havia neles. Toda criancinha tem luz em seu rosto, mas essa especialmente trazia a luz de Deus em seus olhos. A música angelical e a Estrela brilhante atraiam muitas pessoas e logo haviam visitantes amontoando-se para ver o Príncipe menino. Os pastores aproximavam-se vindos dos campos próximos. Eles haviam visto a Estrela e a seguiram e Ela os guiou até onde estava o menino, na manjedoura.

Pois bem, queridas crianças, esta é a história do pequeno Príncipe da Paz, o Portador de Luz para as crianças da Terra, cujo nascimento nós celebramos no dia de Natal. A Estrela que pairou sobre o lugar onde ficou o Príncipe brilha ainda hoje, tão intensamente como brilhou antes, iluminando 'cada criancinha no seu caminho através da ponte do amor, do reino da Terra ao Reino da Felicidade.

Sigamos a Estrela e mantenhamos nossa luz do amor brilhando intensamente para iluminar os outros no caminho da felicidade e da alegria.

🎵🎵🎵🎵Feliz Natal! 🎵🎵🎵🎵

 Original de Florence Barr em: AQUARIAN AGE STORIES FOR CHILDRENS Vol.II
Da THE ROSICRUCIAN FELLOWSHIP
Tradução da FRATERNIDADE ROSACRUZ - Sede Central do Brasil -(Baixe aqui em PDF)

Imagens e edição por Rosacruz e Devoção
Mais para crianças e adolescentes conforme os Ensinamentos de Max Heindel: (veja aqui)
e-mail:rosacruzdevocional@gmail.com

 

02/06/2021

Signo de Câncer: Amor ao Lar

 CÂNCER: AMOR AO LAR

—Divirta-se e não se preocupe, gritou Amy quando sua mãe subiu no avião. Amy esperava poder dirigir a casa enquanto a mãe estivesse fora, por uma semana, visitando o irmão, e achava absurdo sua mãe ter medo de deixá-la tomando conta de tudo na casa.

Eram as férias da primavera, assim Amy estava livre para se dedicar inteiramente ao lar e à família, e para ela isso era tão divertido como se viajasse. Já tinha planejado uma série de jantares elaborados para seu pai e seus dois irmãos, e tinha prometido aos garotos fazer panquecas todas as manhãs, se eles quisessem. Iria forrar os armários da cozinha com novo papel de prateleira, preparar uma quantidade de pratos que pudessem ser congelados, assim a mãe não teria que ir para a cozinha logo que chegasse em casa, e talvez até pintasse o seu quarto. Mas, seu grande projeto sobre o qual não tinha falado nada, era fazer cortinas novas para a sala de visitas. As velhas estavam desbotadas, e a mãe já tinha algumas vezes falado vagamente em substituí-las.

Na volta do aeroporto, Amy parou para comprar o tecido — uma linda cor bronze-dourado que ia combinar com o tapete e clarear a sala. Ela queria começar a fazê-las imediatamente, mas, como já era tarde, achou melhor começar a preparar o jantar e esperar para começar as cortinas na manhã seguinte.

De manhã, os garotos reclamaram pelas suas panquecas e Amy teve que preparar duas receitas, senão ela ia ficar sem nada. Quando ela estava lavando a louça, seu irmão mais velho avisou que estava faltando um botão na sua camisa e que sua calça precisava ser passada. Recusou-se a seguir a sugestão de Amy para que usasse outra coisa, por isso ela teve que cuidar das suas roupas. Mais tarde, quando estava arrumando as camas, seu irmãozinho se queixou que não conseguia achar sua luva de baseball porque a mamãe tinha arrumado o quarto. Amy achou-a dentro do armário, no lugar certo.

Depois, como era sábado, achou melhor limpar a casa antes de começar as cortinas, e mal tinha guardado o aspirador, os rapazes chegaram pedindo o almoço. Ai, ela se lembrou que ainda não tinha ido fazer as compras, nem mesmo tinha feito a lista. Depois do almoço, preparou os cardápios para a semana, foi fazer compras e voltou para casa carregada de mantimentos e muito cansada. Ela se recostou por meia hora com uma revista e depois, tendo já passado o vestido que ia usar nessa noite e regado as plantas de dentro de casa, achou que era muito tarde para começar o seu grande projeto.

O domingo estava todo preenchido com a ida à igreja, jantar de domingo para o qual os avós tinham sido convidados, um convite à tarde para uma partida de tênis e, assim, sendo, na segunda-feira, Amy estava ocupada lavando, passando roupa e cozinhando de novo. Tinha prometido tomar conta das crianças do vizinho na terça-feira, e embora conseguisse cumprir a rotina caseira, com duas crianças pequenas no meio do caminho, ainda não conseguiu começar as cortinas. Na quarta-feira de manhã, Amy achou melhor arrumar a desordem que se acumulou no quarto de seu irmão menor, uma vez que ele havia ignorado seu pedido d'ele mesmo arrumá-lo. Conseguiu também, limpar e forrar de novo os armários da cozinha. Na quinta-feira, uma nova pilha de roupa suja já tinha se acumulado e Amy estava no meio dessa operação, quando o super entusiasmado cachorro deles apareceu coberto de lama na qual ele tinha rolado. Amy achou que não tinha outra alternativa senão dar-lhe um banho, depois do qual ela estava ensopada. Seu irmão perguntou se dois de seus amigões com quem estivera brincando. Podiam ficar para almoçar, e Amy se viu de repente preparando milk-shakes e outros petiscos favoritos para aqueles garotos de onze anos. Depois seu pai telefonou para dizer que ele tinha elogiado tanto a comida que ela fazia que o seu chefe praticamente tinha se convidado, mais a esposa, para jantar, ela se importava? Na realidade Amy não se importava — ela tinha confiança nos seus dotes culinários — mas claro que isso implicava em arrumar a casa e fazer o jantar, verificar se o irmãozinho estava bem limpo e "lavado atrás das orelhas."

Na sexta-feira de manhã, Amy anunciou, desesperadamente, à sua família espantada, que ela ia passar o dia todo costurando cortinas, que os garotos teriam que arrumar suas camas e se arrumar na hora do almoço, e que nesse dia, tudo que ela ia fazer para eles era preparar o jantar. O pai deixou a mesa do café da manhã sorrindo, os garotos resmungando, mas quando eles voltaram para casa nessa tarde, as cortinas novas estavam penduradas, e até os garotos elogiaram muito.

Sábado foi dedicado à limpeza da casa para a mamãe ficar contente. Amy ficou acordada até tarde no sábado e dormiu até mais tarde no domingo e teve que correr com seu trabalho da casa. Depois da igreja, eles foram buscar a mamãe no aeroporto e no caminho a mãe perguntou:

— Bem, Amy, que tal tomar conta de uma casa?

— Eu gosto — eu realmente gosto tanto quanto imaginei que ia gostar.

Mas, como é que você acha tempo para fazer todas as coisas que você faz?

A mãe riu da expressão perplexa de Amy.

— Isso vem com a prática, meu bem. Você foi muito bem esta semana, e você será uma ótima dona de casa, algum dia.

FIM